Resenha: Star Wars – Os Últimos Jedi
O novo episódio da franquia tinha muita responsabilidade antes mesmo de entrar em produção. Seria o episódio mais fresco da linha principal da saga, já que seu predecessor, O Despertar da Força, mesmo sendo um bom filme, foi sob muitos aspectos similar à “Uma Nova Esperança”. E Rian Johnson tinha a missão de fugir desse estigma, trazer algo novo para os filmes ao invés de ser simplesmente a sua versão de “O Império Contra-Ataca”. E embora ele tenha imprimido demais da sua assinatura, Johnson traz um filme em que os personagens são a força motriz, ele também traz momentos emblemáticos e emocionantes.
Johnson faz mais também. Ele ousa em fazer o primeiro filme de toda a saga que é uma continuação direta do seu predecessor. E preenche o filme com uma gostosa nostalgia. Agora, a Primeira Ordem, com o Supremo Líder Snoke (Andy Serkis) liderando seu aprendiz Kylo Ren (Adam Driver) e General Hux (Domhall Gleeson, afetadíssimo. Um dos mais fracos atores no filme, com certeza) segue avançando e pressionando cada vez mais à já fraca Rebelião, com Leia (Carrie Fischer), Poe (Oscar Isaacs) e Finn (John Boyega) se mantendo como podem. Sua única esperança está em Rey (Daisy Ridley) e que ela consiga trazer o Mestre Jedi Luke Skywalker (Mark Hammil) de volta de seu auto-exílio.
O filme dá uma ótima química aos seus personagens, principalmente o arco dos três novos personagens: Poe tentando se provar e tendo que aprender a se tornar um líder, Finn se acostumando com seu status de herói e Rey com o arco mais importante, aprendendo tanto sobre a Força quanto sobre si mesma. E ao mesmo tempo que aprende sobre si, aprende sobre o bem e o mal, luz e trevas, e sua ligação com Kylo Ren, ambos com ótimos diálogos e momentos, e crescendo igual e gradativamente. E entre eles, um Luke que no começo sua relutante mas que também esta em um processo de aprender sobre si mesmo. Sobre muitos aspectos, Os Últimos Jedi, em ordem de seguir em frente, faz-se necessário olhar para trás.
É engraçado pensar que, ao mesmo tempo em que mais uma vez vemos os rebeldes em aperto e o regime totalitarista em vantagem, Johnson mostra isso de forma mais dinâmica. O filme todo se passa em um espaço de mais ou menos 5 dias. Mas ele, mesmo com uma parte sua um tanto que toma mais tempo de filme do que devia, bem dividido. Enquanto Rey e Luke carregam a tensão emocional, Poe e Leia seguem em uma fuga frenética espaço à dentro, para se encontrarem em uma sequência final que tem o melhor tanto da tensão quanto da ação.
Johnson usa muito bem da trilha de John Williams e encerra várias questões levantadas em O Despertar da Força, mas ao mesmo tempo abre as portas para novas possibilidades não só para o próximo filme mais para o futuro da saga. Posso não gostar muito do seu trabalho, mas é impossível não admitir que ele não fez um bom trabalho aqui, onde usa da nostalgia não como uma arma para atrair os fãs, mas uma à serviço da história, ao mesmo tempo que fortalece a relação entre o trio dos heróis. Vão ser mais dois longos anos.