Resenha: Arrow – 3ª Temporada
Em toda história de super-herói, chega um momento em que o herói sempre entra em uma crise de identidade, não importa em qual mídia a história seja contada. Nos quadrinhos, Peter Parker abandonou sua identidade civil para viver 24 horas como Homem-Aranha. Em Smallville, Clark se tornou Kal-El, assumindo sua identidade alienígena. E esse foi o grande dilema imposto pela 3ª temporada de Arrow, a grande pergunta vivida pelo seu herói principal: Quem eu devo ser? Oliver Queen ou o Arqueiro?
Ela começa com o Arqueiro (Stephen Amell) sendo melhor aceito pelas autoridades e pela população, uma vez que ele salvou a cidade do sítio forçado pelo Exterminador (Manu Bennet) no final da temporada anterior. Tudo corre na mais santa paz, com o time do Arqueiro, agora com a inclusão do Arsenal, mantendo a vagabundagem em cheque e a cidade segura. Mas tudo começa a ruir quando a Canário é assassinada, o que traz a ira de Ra’s Al Ghul (Matt Nable) à Starling City.
A narrativa dessa temporada foi no mínimo esquisita. Na medida de seu desenrolar, Oliver parece se sentir mais seguro para ter uma vida, mas logo desiste para enfrentar o problema maior, o que até aí tudo bem. Sempre foi estabelecida na série a prioridade que Oliver quando o assunto é sua família. Mas me pareceu que se estenderam demais na trama da liga dos assassinos, ou não a souberam conduzir de acordo com o ritmo imposto pela temporada anterior. Temporada anterior, aliás, que tinha um vilão muito melhor em Slade do que em Ra’s. Nable faz uma atuação que beira a canastrice, não nos passa nenhuma empatia para com o personagem. Sei que é injusta a comparação, mas queria muito que os produtores trouxessem uma vez mais Liam Neeson para reinterpretar o personagem, como tão bem o fez em Batman Begins. E no frigir dos ovos, Malcolm Merlym (John Barrowman) acabou por ser muito mais vilão do que Ra’s.
Outro desperdício da trama foi não prolongar mais a “morte” de Oliver, para dar mais espaço aos personagens secundários. Foi uma temporada de crescimento para todos, especialmente para Laurel (Katie Cassidy), agora a Canário Negro, mas desperdiçaram tal chance. Os flashbacks também foram pessimamente usados. Até o momento, além de contar o tempo passado vivido por Oliver, eles sempre tinham algum contexto com a situação em que o herói está passando nos dias de hoje, mas nessa temporada foram simplesmente usados para contextualizar a arma que o vilão viria a usar no final da temporada. E os produtores poderiam ser um pouco mais criativos, já que em todo final de temporada vem uma grande ameaça para dizimar Starling City.
Mas a temporada não foi de toda uma perda, houveram momentos bastante legais. É vísivel que os produtores estão cada vez mais investindo na coesão de um universo. O crossover com Flash foi extremamente divertido, e um sucesso, que gerou cada vez mais participação de cada herói na série do outro. A inclusão de personagens como Ray Palmer (Brandon Routh) e Nyssa (Katrina Law) foram muito boas. E houveram iguais desperdícios como a saída de Roy Harper (Colton Haynes) e o súbito sumiço do Pantera (J.R. Ramirez).
Para finalizar, a coisa mais gratuita que achei da série, o casal “Olicity”. Super desnecessário e algo que não agrega em nada a trama, mas os shippers da série devem estar adorando. Apesar desses grandes vacilos na estrada, essa 3ª temporada serviu muito mais para dar uma coesão ao universo DC das séries. Com Flash, a na próxima temporada a inclusão de Supergirl e Legends of Tomorrow, Arrow passará a ter um papel muito mais importante, já que foi com ela que tudo começou. Não foi uma temporada ruim, mas quase chegou lá.