Resenha: Luke Cage
Depois de sua rápida apresentação em Jessica Jones, Luke Cage nos mostra não só o surgimento de um novo herói, como também vemos uma série totalmente distinta dos seus predecessores, com um elenco arrojado e com a tão importante e necessária representatividade.
Cinco meses depois de ser atingido na cabeça em Jessica Jones, Luke Cage se mandou pro Harlem tentando se esconder e levar uma vida normal. Mas os problemas sempre aparecem e Luke se vê mais uma vez fugindo e tendo que enfrentar traficantes, políticos e toda bandidagem que quer dominar o submundo. Em meio a tudo isso, ele tenta encontrar o seu caminho para ser o herói que todos esperam.
Agora somos devidamente apresentados à origem do herói, coisa que não teria cabimento mostrar em Jessica Jones (afinal já era certo do personagem ganhar à sua própria série) e tanto sua origem quanto seus problemas e dificuldades se mostram justificados, afinal ele sempre é mostrado como um fugitivo, alguém que embora defendesse fortemente seus ideais, nunca enfrentava os problemas, até que chega o momento disso se fazer necessário.
A série possui uma ótima ambientação. O Harlem não é somente um palco da história, é quase um personagem, e todos estão batalhando pela sua alma. A cultura do lugar se faz bastante presente e é usada e altamente exacerbada durante toda a produção, algo que tanto o ator Mike Colter quanto o criador da série Cheo Coker fizeram questão de ressaltar durante entrevistas. Não só culturalmente, a série também se permite retratar social e politicamente tudo que o bairro tem, de melhor e de pior.
O núcleo de personagens aqui funciona muito melhor do que em Jessica Jones. Luke Cage se cerca de um ótimo elenco que, desde a manipulação de Shades (Theo Rossi) e Mariah Dillard (Alfre Woodard), a cumplicidade de Misty Knight (Simone Missick) e Pops (Frankie Faison) até a violência de Cottonmouth (Mahershala Ali) e Kid Cascavel (Erik LaRay Harvey), todos tornam os diálogos mais ricos e suas motivações são claras e perfeitamente compreensíveis no que a série se propõe. Vale ressaltar a presença de Rosario Dawson, que se tornou o elemento de ligação entre as séries da Marvel/Netflix e provavelmente pode ser aquela que unirá os Defensores.
Falando em Defensores, fiquei um tanto chateado por só haver menções aos personagens. Estava esperando uma aparição pelo menos da Jessica, mas ao mesmo tempo foi bom para não roubar o espaço do herói principal. E achei que o final, embora muito bom para continuar a série em sua segunda temporada, deixa pouco espaço para sabermos como será a futura união dos heróis.
Com tudo isso, e ainda abarrotada de referências, Luke Cage fez uma excelente estreia no universo Marvel/Netflix, não só dando coração à série, mas tornado-a extremamente urbana e um retrato de uma época.