Resenha: Rogue One – Uma História Star Wars
Quando a Disney, há 4 anos, anunciou a compra da Lucasfilms e com isso prometeu um novo filme Star Wars por ano, ela não estava brincando. Desde o ano passado com O Despertar da Força, Star Wars nunca esteve tão em voga e tão inserido na cultura pop desde o lançamento do filme original, o Episódio IV. E é engraçado remetermos ao Episódio IV pois, ao invés de lançar um filme que nos faz avançar na história, dessa vez a Disney olha para trás para contar uma história que vem antes dele, um prelúdio para o Episódio IV.
O filme começa nos apresentando uma nova personagem, Jyn Erso (Felicity Jones). Quando criança, vê seu pai, Galen (Mads Mikkelsen), ser cooptado pelo Império e sua mãe assassinada. Agora uma adulta, Jyn é resgatada pela Aliança para que os ajude a encontrar seu pai que, segundo informantes, ajudou o Império a construir a arma bélica definitiva. Enquanto vemos os rebeldes em sua missão desesperada, vemos como o poder do império vem se estabelecendo ao redor da galáxia e como começam a surgir outros focos de rebelião além da Aliança.
Já vou falar de cara que Rogue One é um filme muito superior a O Despertar da Força. Talvez o anterior tivesse o peso da obrigação de acertar e trazer Star Wars de volta ao imaginário do público. Rogue One poderia ser um filme que só mantivesse essa média e ainda assim seria bom, mas não. Ele ao mesmo tempo que acrescenta e se encaixa perfeitamente no cânone, funciona como uma aventura no melhor estilo filmes de guerra, com espionagem e muita ação. Estava preocupado com a direção de Gareth Edwards (não gostei tanto do Godzilla dele) mas seu trabalho foi super competente, equilibrando muito suas próprias características, seu próprio estilo, com a identidade visual do universo, que foi amplamente respeitada, desde figurino e penteados até com aparições em CGI de personagens do filme clássico (sério, parece feitiçaria). Mais do que um filme, Rogue One é uma declaração de amor de Edwards, fã incondicional de Star Wars, em especial do Episódio IV.
Todo o elenco é ótimo, e torna seus personagens inesquecíveis à saga, em especial o androide super sincero interpretado por Alan Tudyk. Até mesmo Donnie Yen, que eu achei que ia cair para algo mais caricato para suprir a ausência de Jedi se torna algo interessante, principalmente por mostrar uma bonita relação do personagem com a Força, aqui muito mais tratada como uma religião, à que seu personagem segue cegamente (literalmente). E cada um dos personagens tem seu momento e ajuda a formar o time, tornando-se parte integrante e indispensável. Ben Mendelsohn entrega o costumeiro trabalho competente e nos entrega um ardiloso vilão com seus próprios interesses.
O filme está repleto de easter eggs que o conectam à saga original, desde pequenos detalhes até cenas feitas com carinho ao fã. Rogue One vem como uma lufada de ar fresco na saga, principalmente por se apresentar (e muito bem) sem a dependência dos Jedi ou até mesmo da família Skywalker como foco central da trama, embora alguns elementos sejam indispensáveis demais para não estarem presentes, mas eles não tomam a atenção do espectador para si e nem desviam o foco da história principal. Um filme Star Wars que precisávamos e não sabíamos o quanto.