Resenha: Valerian e a Cidade dos Mil Planetas
A crítica foi feita pelo nosso colaborador Arthur de Paiva Napoleão, um apaixonado por aprender e criar. Atualmente aprendendo e criando em marketing digital e se aventurando no mundo do cinema e da música. Sol em Game of Thrones, Ascendente em House of Cards e Lua em O Curioso Caso de Benjamin Button.
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Valerian e a Cidade dos Mil Planetas é um filme que tem tudo para virar polêmica em diversas rodas de conversa. O motivo? Bem, a eterna briga entre “é bom X é péssimo”. De um lado, visual fascinante, estilo incrível e bem autoral. Do outro, temos alguns problemas sérios com trama e desenvolvimento de personagens.
Nessa ficção científica do diretor Luc Besson (que também dirigiu O Profissional, O Quinto Elemento e Lucy) acompanhamos as aventuras de Valerian (Dane DeHaan) e Laureline (Cara Delevingne). Os dois vivem no século 28 e são agentes especiais do governo humano em uma missão à Alpha (a cidade do título), uma estação espacial em que centenas de espécies compartilham conhecimento. Há um perigo iminente a essa metrópole multi planetária e nossos heróis buscam evitar o pior.
O inicio é digno de qualquer bom filme de ficção científica. Há uma sutil contextualização ao período histórico (com Space Odity, do saudoso David Bowie, ao fundo). Em seguida, nos deparamos com um momento essencial para o mistério que permeia todo o filme. Isso tudo antes mesmo de conhecer os protagonistas. Outro ponto alto é a primeira sequencia de ação. Não vou estragar a surpresa, mas é um conceito novo, super bem explorado e que traz uma boa dose de adrenalina.
Mas infelizmente nem tudo são flores. Na medida que a história avança, a trama vai ficando cada vez mais “furada” em termos de lógica e coerência. Outro problema sério é no desenvolvimento das personagens, especialmente quando falamos da dupla de protagonistas. Dane DeHaan e Cara Delevingne até tentam, mas suas personagens não vão muito além da dupla de heróis padrão. A impressão que fica é que foi mais pela direção do que pelos atores em si.
Do meio pro final, a participação especial da cantora Rihanna adiciona mais leveza e carisma pra história, mas também cai vítima da trama furada e apressada. Aliás, é incrível que em um filme com mais de duas horas fique a impressão de que o final foi apressado e com algumas pontas soltas. Se tivessem pensado um pouco mais na lógica da trama e no desenvolvimento das personagens mais importantes, Valerian e a Cidade dos Mil Planetas seria um dos melhores filmes de 2017. Mesmo assim, temos que valorizar o fato de ser um trabalho altamente autoral de Luc Besson. Além da direção em si, o cineasta investiu no filme.
Para quem se interessar pelo universo do filme, vale a pena checar os quadrinhos que serviram de inspiração. De autoria de Pierre Christin e ilustrado por Jean-Claude Mézières, Valérian et Laureline foi um marco para a ficção científica nos anos 60. Pelo universo criado, pela forte heroína e pela discussão de temas políticos importantes para a França naquele período. Entre os influenciados podemos até citar Star Wars. Se já conhecer os quadrinhos vale a pena dar uma olhada no filme e conferir algumas cenas icônicas traduzidas para a telona.