Resenha: Robin Hood – A Origem
De tempos em tempos, clássicas histórias voltam às telas contadas de formas diferentes para cativar novas audiências. Nos anos 2000 tivemos clássicos que foram contados como acontecimentos inseridos em nossa história, como o Rei Arthur com Clive Owen e o Robin Hood com Russell Crowe. E não por acaso citei esses dois exemplos, pois foram os mesmos que, agora, retornaram às telas com uma roupagem mais “pop”, por assim dizer. E, assim como o Rei Arthur de Guy Ritchie não foi muito bem recebido, creio que o mesmo venha a acontecer com essa nova versão do lendário arqueiro.
E, assim como todas as outras versões, essa também faz questão de repetir o cliché que “essa não é a história que você conhece”. E assim começa, com Robin de Loxley (Taron Edgerton) conhecendo a moça que viria a se tornar sua amada, Marian (Eve Hewson). Mas ao ser convocado para a guerra e retornar, ele se vê traído e enganado pela nação que jurou defender e sua amada casada com outro homem (Jamie Dornam). Mas ele encontra propósito na missão oferecida pelo mouro John (Jamie Foxx) que, ao ser derrotado nas Cruzadas, foi levado para Nottingham como prisioneiro. John o oferece um modo para acabar com a guerra de uma vez por todas, atingindo a coroa através do fundo de guerra formado pelo Xerife (Ben Mendelsohn). Mas aos poucos Robin percebe que seus esforços podem levar a algo muito maior em nome do povo.
O maior problema é o fato do novato diretor Otto Bathhurst em dar motivações válidas aos seus personagens. Ao recontar uma história que, cá entre nós, não precisava ser recontada, Bathhurst investe nas cenas de ação ao invés de procurar dar melhores traços aos seus personagens e isso é mostrado inúmeras vezes no fraco roteiro, cheio de decisões que mudam de acordo com a sua conveniência, especialmente no que se refere ao personagem de Dornam. Apesar do bom elenco, eles são usados de forma limitada, indo apenas até aonde o roteiro os manda. Mendelsohn parece que simplesmente repete sua atuação do diretor Krennic em Rogue One.
Ao tentar trazer o seu Robin Hood para uma geração mais nova, o diretor transforma o herói numa espécie de Assassin’s Creed com pulos, piruetas, parkour e todo o tipo de façanha com o arco e flecha. Ao não imprimir ritmo ao seu filme, abusa das cenas em slow-motion, tirando qualquer credibilidade das sequências (inclusive com cavalos que pulam tranquilamente em superfícies frágeis de madeira). O que acontece aqui, é a “videogamezação” de Robin Hood, transformando o arqueiro numa espécie de atirador no melhor estilo Call of Duty.
A tudo isso soma-se figurinos esquisitos e uma falha direção de arte, com cenários que nada refletem o período retratado (uma cena de festa parece ter sido tirada direto de Jogos Vorazes e isso, aqui, não é bom). Para um filme que ninguém pediu, Robin Hood – A Origem só mostra aquilo que grande parte já imaginava: não precisava ser feito.