Resenha: Shazam!
Mesmo após uma boa vitória com Aquaman, a DC vem caminhando, à lentos passos, rumo a conseguir agradar um grande público como a sua atual concorrente, muito devido ao seu conturbado início e a cada vez mais instabilidades nos seus bastidores, com cancelamentos de filmes e desistência de atores. E enquanto não surge solução para lidar com seus medalhões, o jeito é trabalhar com seus heróis menores, diminuindo a expectativa mas se dedicando ao máximo para entregar um bom material. E numa época que os filmes de heróis vem querendo ser cada vez maiores em escala e temas, Shazam! ganha justamente por ir contra a corrente e ser só um filme de super-herói.
O filme nos apresenta o jovem Billy Batson (Asher Angel) que vive constantemente fugindo de seus lares adotivos, até que chega na casa dos Vasquez, onde já moram outros jovens. E após salvar um deles e fugir, Billy acaba na caverna do Mago, onde ele o escolhe para lhe dar seus poderes e ser seu novo campeão. Ao dizer as palavras mágicas, Billy se transforma em um adulto que, agora em posse de super poderes, precisa impedir um super vilão (Mark Strong) que quer o poder do Mago para si.
Curioso como a DC encontrou ótimos diretores em um gênero totalmente diferente do habitual para super heróis, já que David F. Sanberg, assim como James Wan, é egresso do terror. E também como Wan, ele não esquece das suas origens e usa dela em vários momentos do filme, mas nem por isso deixa de lado a essência principal de Shazam, uma criança que ganha poderes e não sabe o que fazer, o que traz muita leveza ao material. Mesmo com alguns problemas de ritmo (o começo arrastado, mas necessário para contextualizar, e o último ato também), o filme simplesmente te cativa por não se esquecer de ser um filme de herói, mas também dá a devida importância ao núcleo familiar e à emoção. Mesmo com o vilão caricato, os personagens são cativantes.
Angel fica legal como o jovem Billy que, mesmo pelo lado rebelde, sempre se mostra como alguém de boa índole, que faz o que faz por ter um objetivo bem claro. E todos os irmãos tem um momento para mostrar um pouco da sua personalidade, desde Eugene (Ian Chen) e seu lado tecnológico, o tímido Pedro (Jovan Armand) e a fofa Darla (Faithe Herman, de This is Us), até a figura da irmã mais velha Mary (Grace Fulton, de Annabelle 2) e o principal do irmãos, Freddy (Jack Dylan Grazer, de It – A Coisa). É dele que sai as principais piadas de cultura pop e, apesar de Angel ser o centro das atenções, já que passa pela transformação, é ele quem nos conduz pela segunda metade do filme, com momentos hilários e em uma ótima dinâmica com a versão adulta de Billy, Zachary Levy, que esbanja carisma usando muito da comédia para que a gente aceite que ele, apesar de ser super poderoso e num corpo de adulto, não passa de uma criança.
No final Shazam! mesmo sendo um filme de um personagem de menor importância ao lado de medalhões como Batman e Superman, ganha um ótimo filme que diverte, agrada, emociona em certos momentos e abre possibilidades bem legais para o futuro do herói. Pelo mesmo motivo que o Mago escolheu Billy, a maior qualidade de Shazam é ser simplesmente um filme “puro de coração”.