Resenha: Ad Astra – Rumo às Estrelas
Enquanto pensava em como começar a escrever essa resenha comecei a pensar em “Tendo a Lua”, canção dos Paralamas em que Herbert Vianna canta que a Luz não merecia a visita de militares, mas de bailarinos. No futuro retratado em Ad Astra – Rumo às Estrelas (Ad Astra), acontece justamente o contrário. Nesse espaço sideral não há chance de poesias e arte, há somente a militarização, a solidão, o silêncio e a loucura. E no meio de tanta tecnologia e possibilidades Ad Astra trabalha questões extremamente humanas de forma tocante.
No filme o major Roy McBride (Brad Pitt) assume uma missão de extrema importância e totalmente sigilosa, de ir até os confins do espaço sideral a uma instalação do governo que o Exército julgava vazia há anos. Mas aparentemente ela mais do que não está vazia parece ter apenas um sobrevivente, o pai de Roy (Tommy Lee jones). Agora Roy precisa ir desvendar o mistério por trás de seu desaparecimento, além de impedir que a instalação acabe por destruir toda a vida na Terra.
O que mais chama atenção no filme é como aquele futuro soa extremamente possível. Nele, a Lua não só já é ocupada por empresas e militares mas também há invasão armada e milícias de outros países querendo controlar suas riquezas, ou seja, o homem sempre levando seu sentimento de exploração de recursos em favor do lucro. E vemos tudo isso através dos olhos já desiludidos do personagem de Pitt. “Se meu pai visse isso, destruiria tudo” ele pensa, uma clara mensagem de como nós tratamos tudo em ordem do progresso.
O diretor james Gray imprime uma fotografia linda e abusa das cores. Sua direção é segura e por muitas vezes o tom contemplativo do filme lembra “A Árvore da Vida” (coincidentemente também com Pitt). Mas o filme, em sua física espacial, falta da acuidade de “Interestelar”. Seu roteiro por vezes é falho nessas questões. Se você não curtir ou estiver no clima de algo mais cadenciado, talvez não seja uma boa escolha. E apesar de bons nomes no elenco vemos tudo pelo ponto de vista de Pitt, ou seja, não temos uma cena entre Donald Sutherland e Tommy Lee jones por exemplo. Por outro lado o filme possui cenas de ação intensas e interessantes, desde a abertura até um resgate que mais parece uma cena de “Alien”.
Então “Ad Astra” é um filme que me dividiu. Eu estava aberto à experiência quando o vi, sem saber absolutamente nada dele além de ter visto a um trailer. E fui arrebatado por toda a retratação da beleza do espaço profundo, assim como em Gravidade (aliás há cenas bem parecidas, mas não vou dizer que o filme o copiou) e pela catarse que Pitt passa durante o processo, mesmo com uma resolução bastante rápida. É um belo filme, mas seu conteúdo pode não ser para todos. Assista somente se for um fã de filmes com essa temática.