Drama, comédia e documentário: 5 filmes para entender Goebbels

Drama, comédia e documentário: 5 filmes para entender Goebbels

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A madrugada de hoje foi de gente jogando gasolina na fogueira que é o emaranhado das redes sociais. Um vídeo divulgado pela Secretaria de Cultura, que tinha como suposto objetivo lançar o edital de projeto cultural, acabou em repúdio e nojo geral, após um perfil no Twitter notar um plágio direto de um trecho de discurso de Joseph Goebbels, ministro da propaganda do governo nazista. Apesar das fortes reações, que culminaram na demissão de Roberto Alvim – responsável pela pasta – tem gente ainda perdida nesse rolê. O quê é a propaganda nazista? O que ela pregava? Quem foi Goebbels? Listo aqui cinco obras para você entender melhor o motivo de tanta gente brava:

UMA VIDA ALEMÃ – essa é uma entrevista documentário com Brunhilde Pomsel, ex-secretária pessoal de Joseph Goebbels. Ela conta para os diretores Florian Weigensamer, Christian Krönes, Roland Schrotthofer e Olaf Müller como funcionava a máquina da propaganda nazista durante os últimos três anos da Segunda Guerra Mundial. Entre suas observações do período, Pomsel explica sobre como as estatísticas eram distorcidas para diminuir números de soldados alemães mortos ou para aumentar o número de estupros dos soldados soviéticos contra mulheres. Ao longo de 113 minutos, ela também reage ao assassinato dos filhos de Goebbels, sua esposa e seu suicídio, além de reconhece ser uma testemunha silenciosa dos horrores causado pela guerra, além de oferecer um perfil do Ministro da Propaganda. É triste e emocionante.

O EXPERIMENTO GOEBBELS – Lutz Hachmeister lançou o filme em 2005, que traça um perfil baseado nos diários de Goebbels, cheio de ideias e relatos minuciosos dos acontecimentos que tiveram sua participação direta e indireta durante o regime nazista. Trata-se de uma montagem de imagens com narração do ator Kenneth Branagh. Ao longo de pouco mais de duas horas, Hachmeister retrata a lista de desafetos do ministro, como o chefe da SS, seu gosto pela construção do cinema russo, suas dificuldades em relacionamentos românticos, sua adoração por Hitler (que foi padrinho de casamento de Goebbels) e seus triunfos políticos. Simples, mas impactante.

BASTARDOS INGLÓRIOS – tá tendo Tarantino nessa lista, sim! O longa em três idiomas, dirigido pelo indicado ao Oscar, conta a história do tenente Aldo e seus “soldados”, que desembarcam na Europa para uma missão suicida de extermínio do nazismo. No meio da missão, entra a operação kino, que prevê um atentado inusitado durante mais a estreia de um filme da propaganda nazista de Goebbels. Claro que é tudo inventado, mas é um excelente retrato do cinema alemão do final da Segunda Guerra com um final surpreendente (não vamos contar, vai que você ainda não assistiu). Destaque para atuação absolutamente impecável de Christoph Waltz na pele do coronel Hanz Landa. E a trilha sonora é tu-do!

GOEBBELS E GEDULDIG – essa já é uma comédia romântica alemã de 2000, dirigida por Kai Wessel, que conta como o Goebbels escapa de uma tentativa de assassinato. O responsável pelo atentado contra o terrível Ministro da Propaganda seria seu maior desafeto no regime nazista, Heinrich Himmler, que resolve colocar Goebbels em um campo de concentração e trocá-lo por um sósia, prisioneiro judeu, Harry Geduldig. O sósia usurpa a vida do ministro e é obrigado a encarar a esposa e o Füher em pessoa, enquanto sua amada Grete permanece no campo de concentração. Água com açúcar, mas muita gente gostaria de ver Goebbels num campo de concentração.

A ONDA – apesar de não ser uma obra diretamente ligada à biografia de Goebbels, A Onda procura mostrar seus métodos através do professor Rainer Wenger, interpretado por Jürgen Vogel, que resolve provar que é possível criar um regime totalitário do zero em sala através de diversos atos durante aulas sobre autocracia. O problema é que o movimento toma proporções que ele jamais poderia imaginar, extrapolando os limites da escola e se espalhando pela cidade. O drama mostra o poder de sedução de regimes totalitários e da absoluta perda da personalidade das pessoas ao longo de sua implementação.

DICA BÔNUS
TRIUNFO DA VONTADE – essa foi a obra mais poderosa da propaganda nazista. Em forma de documentário, Leni Riefensthal relata o arrebatamento produzido durante o sexto congresso do Partido Nazista e como Hitler impactava seus apoiadores. Riefensthal, de maneira brilhante (odioso, mas brilhante), destaca o Füher e seu carisma sobre o povo alemão, retratando-o como um verdadeiro herói, combatente do comunismo, ao judaísmo e preservando valores morais e religiosos cristãos. Não é apenas uma propaganda, é uma verdadeira lavagem cerebral que exalta unidade racial e a ordem imposta pelo regime totalitarista alemão, com trechos de discursos de Hitler, trilha sonora de Wagner e com Goebbels, é claro, “assinando embaixo”.

Veja o vídeo na íntegra do pronunciamento do ex-secretário Roberto Alvim:

Juliana é profissional da área do entretenimento, formada em jornalismo, atua como produtora e professora da área de comunicação para a música e showbusiness, viciada em séries, filmes e documentários, nerd de carteirinha, fã do Spock, do Iron Maiden e devoradora de livros.

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