Resenha: Anton – Laços de Amizade
Um dos períodos mais importantes da história mundial é a Revolução Russa. Por ter toda essa relevância, o período histórico também gera bastante controvérsia e muitos debates que muitas vezes expõe diferentes visões políticas, de sociedade e de mundo. O contexto histórico gerado pela revolução de outubro de 1917 impactou as relações sociais em todos os países, impactando não só o modo de vida dentro dos respectivos países, como também as relações entre um país e outro. Todo esse contexto histórico é o pano de fundo do enredo de “Anton – Laços de Amizade” dirigido por Zaza Urushadze.
A história do filme é contada em um flashback e se passa em uma vila ucraniana, focando na amizade de Anton e Jacob, dois amigos e vizinhos quase que inseparáveis. Quando o pai de Anton é morto por uma oficial do exército soviético, as duas crianças se veem no meio (mesmo sem se darem conta disso) de uma tentativa de vingança e insurreição da vila contra os oficiais do exército russo e contra uma das figuras mais importantes da revolução russa, o famoso teórico e revolucionário Trotsky, e a partir disso que a narrativa se desenvolve.
Todas as representações artísticas são fruto das concepções políticas e de mundo daqueles que a conceberam. “Anton – Laços de Amizade” não é diferente. O filme inteiro quer te passar uma mensagem bem explícita de que a revolução russa não foi boa para todos, principalmente para aqueles que viviam em pequenas vilas e tinha seus modos de subsistência tomados pelo exército sob o pretexto de que isso era a mando e para o bem do estado. Essa tentativa de representar os oficiais do exército como pessoas ruins e que são movidas por uma ideologia ruim fez com que as representações dos personagens parecessem caricatas, o que eu acredito que tenha sido a intenção da direção e faz sentido dentro proposta da ideológica da história.
Uma das coisas que me incomodou é que em muitos momentos a ideia de se utilizar o tema da amizade é esquecido, boa parte do filme é focado em personagens da família que vivem na vila e no plano de insurreição contra o exército. Parece que o início do filme te mostra uma proposta de tema da história, durante o meio do filme foi decidido que o foco seria outra parte do contexto histórico da região e no final eles decidem voltar para a proposta inicial de forma apressada e sem muitas explicações do que aconteceu com os personagens.
No geral “Anton” não convence na sua história e apresenta problemas em questões narrativas. O filme parece ser mais interessante por mostrar uma visão política dos produtores e do diretor dos acontecimentos históricos do que pelo filme em si.