Entrevista: Ana Rieper
Galera na terça-feira, dia 01, rolou a pré-estréia do documentário “Vou Rifar meu Coração” em Botafogo, Rio de Janeiro. E lá tivemos a oportunidade para um bate-papo com a diretora Ana Rieper, onde ela falou um pouco sobre a expectativa do lançamento, como foi a realização do documentário e o projeto para uma futura série baseada no filme. Ouça no player ou leia abaixo:
Cinema em Série: Boa noite Ana, tudo bom ?
Ana Rieper : Tudo jóia, hoje é uma grande noite, a estréia do filme, a partir de sexta feira tá nas salas de cinema.
CeS: Muita tensão, muita expectativa…
AR: Tensão nem tanto, eu estou bem alegre. Apesar de ser um momento intenso, é de muita alegria, pois é um desafio tão grande fazer um filme chegar no seu público e nas salas de cinema, e acho que a gente está conseguindo chegar bastante bem, eu estou super satisfeita.
CeS: Eu já vou falar que gostei muito do filme. E como você traçou esse paralelo entre as chamadas “músicas bregas” e a vida das pessoas ?
AR: Desde o primeiro documentário que eu fiz (Saara, 1998), sempre quis falar a respeito da intimidade, sempre quis abordar diversas questões do ponto de vista subjetivo, pessoal, emocional. Então eu acho que eu fui caminhando com essa abordagem nos meus filmes anteriores e nesse eu finalmente cheguei no ponto que eu sempre busquei. E desde do começo da idéia do filme, a estrutura dele já era essa de falar a respeito de histórias de amor, de romantismo, desilusão etc. a partir do universo da música brega baseado em duas estruturas narrativas: as entrevistas com os artistas falando sobre suas músicas, suas motivações pessoais e íntimas pra fazer essas músicas que se comunicam tanto…
CeS: O que os levou a escrevê-las, talvez algum fato nas suas próprias vidas, e a vida das pessoas.
AR: Exatamente. E histórias de pessoas que vivem as histórias das músicas nas suas vidas.
CeS: É impressionante pensar que nesse pedaço do Brasil que está, ao mesmo tempo, tão perto e tão longe da gente, ainda existam pessoas que gostam com fervor dessas músicas e desses artistas que hoje a gente naõ está mais acostumado a ouvir nas grandes cidades. Como você chegou nessas pessoas e o processo de seleção das histórias ?
AR: A respeito da populeridade dessa música, e como tem viu ? Existe muita gente que gosta, essa música é muito popular no Nordeste, nas capitais também, não só no interior, é uma música que você ouve no ar. O processo de pesquisa de personagem levou cinco meses pra ser feito, a gente dedicou bastante tempo e esforço dentro do nosso cronograma de realização pra essa parte de pesquisa de personagem que a gente entendia que seria muito importante pro filme e aconteceu mais ou menos da seguinte maneira: Eu fiz um Briefing inicial sobre tipos que a gente iria sair a campo, baseado na minha experiência andando pelo interior do Sergipe dá época em que morei lá, quando determinadas situações me despertaram o olhar pra querer fazer esse filme, então eu mais ou menos já tinha um mapeamento de alguns lugares e pessoas e também a partir de uma análise das músicas e da busca de personagens e temas recorrentes nas canções.
CeS: Teve alguma história mais complicada que não chegou a edição final ? Todas as histórias que você gravou foram pro filme ?
AR: Não, na verdade pra mim quanto mais complicada até era melhor, aí mesmo é que entrava no filme (risos). Mas a gente filmou muitas histórias e muitas pessoas que não entraram no filme, eu já sabia que isso iria acontecer, mas a gente teve uma pesquisa de personagem super rica, que levantou histórias incríveis que a gente não queria deixar de filmar e eu sabia que eu teria que ir pra ilha de edição com um desapego muito grande, com muita tranquilidade pra poder deixar de usar coisas de que eu gostava muito.
CeS: Manter o foco no filme pra contar a história dos personagens dentro daquilo que você traçou, né ?
AR: E também pra poder contar bem a história de cada pessoa, por que muitas premissas do filem é de fugir de muitos esteriótipos que existem em relação a vários assuntos apresentados ali, a traição, prostituição, machismo, bigamia, e pra isso a gente precisava de tempo pra apresentar as pessoas, tempo pra olhar pra aquelas pessoas e entender aquele universo de cada um, então eu sabia que não seria possível que todo mundo entrasse no filme, mas pra isso vai ter a série de TV.
CeS: Então está em desenvolvimento uma série de TV baseada nesse universo que você contou ?
AR: É, eu estou desenvolvendo uma série, estou em conversa com o Canal Brasil, usando basicamente o material bruto da filmagem do Vou Rifar meu Coração, que tem muita história ali que não foi contada.
CeS: Ana, muito obrigado pelo espaço que você cedeu pra gente e boa sorte com o lançamento.
AR: Eu que te agradeço, obrigada.
Foi isso gente, Vou Rifar meu Coração chega nessa sexta nos cinemas. Veja a nossa crítica aqui.