Invasão Secreta: por que não está dando certo?
Estamos chegando ao final de temporada da série “Invasão Secreta”, a única produção da Marvel para o Disney+ em 2023. Só para lembrar, ano passado tivemos duas (Cavaleiro da Lua e Mulher-Hulk) que, embora tenham agradado uma parcela dos fãs, não foram o sucesso arrebatador de crítica e público que a Disney esperava.
Aliás, sucesso assim as produções Marvel no streaming só atingiu com WandaVision, a primeira que foi lançada, e foi indicada ao Emmy.
Mas, diferente da já citada série da Feiticeira Escarlate e as séries seguintes, como Falcão e o Soldado Invernal, Ms. Marvel e Gavião Arqueiro, Invasão Secreta parece faltar coração, faltar ímpeto em suas cenas e ações. Apesar de ótimos atores e uma trama que tem muito potencial a série, até o momento, ainda não engrenou e segue tímida em suas visualizações.
Eu mesmo gosto do que vejo, mas não me sinto compelido a assistir o episódio da semana seguinte. Se tornando mais uma “obrigação de assistir produções do gênero” do que realmente gostar do que estou assistindo.
E resolvi vir aqui para encontrar respostas para uma questão que me fiz após terminar o episódio 4 da série: por que invasão secreta não pegou? A trama, pelo menos a sua premissa, é ótima, e ela tem bons momentos e diálogos (principalmente entre seus astros principais, Samuel L. Jackson, Ben Mendelsohn e Olivia Colman). Mas como um todo ela não forma uma unidade.
Consegui chegar a 5 motivos para Invasão Secreta não ter engrenado entre o público e, principalmente, entre os fãs. E contém spoilers dos episódios anteriores, pessoal. Vamos lá?
Trama boa, mas não empolga
Vamos começar pelo começo: pelo que vimos no trailer, Invasão Secreta parecia ter o nível de paranoia estilo “Os Invasores de Corpos (Invasion of the Body Snatchers)”, mas durante os episódios acabou se mostrando algo mais parecido com “Jogo de Espiões (Spy Games)” ou o ótimo “O Espião que sabia demais (Tinker, Tailor, Soldier, Spy)”.
Que fique claro, isso não é um problema. Afinal, um trailer é uma peça publicitária e sua função é vender um produto. O problema é que falta um peso maior nessa trama. Somos levados a crer que está acontecendo essa invasão, mas não há nenhum senso de urgência por parte dos “mocinhos”.
O nível de insegurança deveria ser algo estilo “A Identidade Bourne” no micro, no nível pessoal, e algo como foi o segundo Capitão América na escala maior. Afinal a trama, mesmo se tratando de algo nas sombras, se trata de uma invasão à nível mundial. Os Skrulls estão e podem se infiltrar em posições de poder e ditar os rumos para levar o mundo à uma auto-destruição.
O que nos leva ao nosso próximo ponto.
Invasão Secreta deveria ser um filme
Imaginem o impacto de descobrir uma invasão Skrull no mesmo estilo que foi a revelação de que a HIDRA estava infiltrada na SHIELD desde o começo do MCU? Isso sim teria uma grandiosidade.
Mesmo sendo a série mais cara do MCU (com um orçamento em torno dos 200 bilhões de dólares), infelizmente ela parece uma série barata, com efeitos do nível de séries como The Flash e Agents of SHIELD. O problema é que Invasão Secreta não é uma série de TV, mas de streaming.
A trama contida também impacta no elenco que, por mais que seja ótimo, faltam personagens de peso e mais relevantes para a história do MCU, já que a HQ envolve todos os heróis do universo. Em um filme, essa escala seria muito maior. Imagina descobrir que a Viúva Negra que morreu era uma Skrull esse tempo todo? E a verdadeira estaria viva por aí?
Ao diminuir a escala da história, acaba por minar o que poderia ser um novo Guerra Civil da Fase 5 do MCU.
A mulher na geladeira
Esse é um tropo antigo da mídia, e vê-lo utilizado em Invasão Secreta da forma como foi me pegou de uma forma muito ruim. Principalmente se tratando uma personagem que ainda tinha tanto potencial, a morte da Maria Hill (Colbie Smulders) foi, no mínimo, prematura.
E era aqui o momento dela realmente brilhar, ser uma personagem mais durona e dona de si. E não a secretária armada que ficou parecendo. Até para lhe dar mais destaque dentro da trama, ela poderia ser uma importante soldado na hierarquia Skrull, infiltrada o tempo todo como braço direito de Fury e passando seus movimentos aos inimigos. Espelhando a personagem Mulher-Aranha que, na saga das HQs, era a Rainha dos Skrulls e estava infiltrada dentro dos Vingadores.
Ao invés disso, na série ela vira apenas uma motivação para o Fury seguir todas as consequências e desvendar a trama Skrull que está acontecendo.
Segue o vídeo da nossa colega Carissa Vieira (que já participou de vários dos nossos podcasts) explicando mais sobre o que é a mulher na geladeira.
Vejam mais vídeos da Carissa em seu canal do YouTube.
Revelações pouco impactantes
As revelações de quem é/não é Skrull também não são nem um pouco impactantes. Pelo contrário, são bem minadas e super sem graça. A principal, que era pra ser a descoberta de que Rhodey (Don Cheadle) é um Skrull, é bastante fraca. Pelo contrário, já era até uma aposta antes mesmo da série começar.
O fato dele ser um Skrull não é um problema, muito pelo contrário. Colocar um personagem com o peso do Rhodey, que está no MCU desde o início, é muito legal. O problema é que não nos dá um peso emocional para sentirmos o peso da descoberta pelo Fury, já que é a primeira vez que vemos ambos os personagens interagindo. Faltou vermos Fury sentir o peso daquela “traição”, saber que alguém que ele confia ou precisa tinha uma agenda própria.
A principal dúvida que fica (e que espero ser solucionada ao final da temporada) é saber há quanto tempo Rhodey foi substituído. Aliás não só Rhodey como também o agente Ross (Martin Freeman), que vimos nos filmes do Pantera Negra.
E esse é o principal cerne da HQ. A partir do momento que os heróis descobrem os skrulls infiltrados, eles não confiam mais em ninguém, nem em seus próprios companheiros. E nós, como audiência, nos pegamos devorando as páginas para, assim como os heróis, descobrir em quem podemos confiar ou não.
A ganância da Disney+
Por mais que Invasão Secreta seja uma boa série (só não funcionou como deveria), houve uma ganância da Disney na produção de séries da Marvel.
As séries deveriam funcionar como um suporte para os filmes, onde veríamos personagens introduzidos na tela e seriam expandidos no streaming. Não há um problema em fazer o inverso e funcionar, Ms. Marvel funciona (por boa parte).
O problema é que aconteceu um excesso de produções para o Disney+ que acabou por impactar a qualidade das mesmas. Qualquer personagem que despontou um pouco nas séries ganhou uma nova série, como foi o caso de Agatha e Echo. Mas não é por que esse personagem despontou que ele será capaz de segurar uma série por si só. Já é dito que a série da Echo está tão fraca que possivelmente será lançada de uma vez, ao invés de episódios semanais no Disney+.
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