Para aproveitar o clima do Dia dos Namorados, escolhi dois filmes (que na verdade é uma história só) que, na minha modesta opinião, são os mais românticos que já vi, Antes do Amanhecer e Antes do Pôr do Sol.
Antes do Amanhecer
Aqui não há nada de homens machões, mocinhas complexadas com beleza (ou pelo fato de estarem encalhadas) e aí que mora um dos pontos altos da história de amor não resolvido de Jesse (Ethan Hawke) e Céline (Julie Delpy).
Tudo começa em um trem indo para Paris, num encontro entre o jovem americano de férias e a jovem francesa a caminho da casa da avó. Quando chegam em Viena, Jesse convence Céline a descer pra conhecer a cidade, conversarem e se conhecerem melhor. E aí rola outro ponto alto do filme, o roteiro e a direção de Richard Linklater. Os diálogos entre Jesse e Céline mostram exatamente as aflições, desejos e anseios da juventude, a vontade de mudar o mundo, e tudo isso numa conversa de um dia enquanto esperam seu trem. A atração entre ambos é inevitável, e a atração do público pela história de amor dos jovens também. Ao nascer do dia, Jesse e Céline se despedem com a promessa de um novo encontro dentro de seis meses. A ideia de uma sequência não existia e com esse final aberto, podíamos imaginar o melhor dos finais para os jovens apaixonados, mas o segundo encontro aconteceu.
Antes do Pôr do Sol
E esse segundo encontro entre Jesse e Céline só aconteceu nove anos depois. Jesse, agora um escritor, está em Paris promovendo seu livro, uma história de amor de um dia entre dois jovens (qualquer semelhança não é mera coincidência). E assim como o jornalista que pergunta a Jesse se houve um segundo encontro entre os protagonistas de seu livro, descobrimos que o segundo encontro não rolou. É quando Jesse vê Céline no fundo da livraria, e resolvem dar uma fugida para colocar nove anos de conversa em dia. E aqui Linklater nos entrega mais diálogos inesquecíveis entre os personagens, inclusive o motivo do encontro não ter ocorrido.
Agora, Hawke e Delpy contribuem com o roteiro, e acrescentam aos personagens suas próprias experiências. Jesse se casou com outra pessoa e passa por problemas conjugais, os mesmos problemas conjugais que Hawke, na época, passava, enquanto Delpy espelha em sua Céline a vontade de ser atuante no meio político. E o roteiro foi pensado para se passar em tempo real, já que os 90 minutos de filme são os mesmos 90 minutos que Jesse e Céline tem para conversar.
Vemos como o peso dos anos caiu sobre os dois, como muitos de seus sonhos foram frustrados e rumo que suas vidas tomaram durante o tempo que estiveram separados. E todo aquela conversa, com os sorrisos e os flertes do primeiro filme voltam com a urgência do tempo que está acabando para os dois, até que pensamos, assim como eles, como a vida teria sido se aquele encontro tivesse acontecido . E em seu final voltamos a ter a mesma dúvida do anterior, mas dessa vez com um sentimento de duas pessoas mais maduras, e Céline no final deixa bem claro para Jesse de que ele não vai a lugar algum.
E se você me perguntar por que escolhi estes filmes, a resposta é simples: ambos são uma história de amor, onde não importa se eles vieram a terminar juntos, mas o pouco tempo que viveram foi mais que suficiente para descobrir o amor verdadeiro. Nada daquelas comédias românticas, que são legais, mas não espelham em nada a nossa realidade, onde nem sempre as coisas saem como a gente quer, mas nem por isso deixamos de tirar uma lição da experiência e tentamos fazer a coisa certa da próxima vez.
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