Star Wars: Jedi Fallen Order – Como o game se encaixa com a franquia
Desde a compra da Disney o universo expandido de Star Wars sofreu drásticas mudanças. A começar pelo novo cânone estabelecido, com a inclusão das séries animadas Clone Wars, que se passa entre os episódios 2 e 3 da franquia de filmes, e Rebels, que se passa após o episódio 3, mostrando um universo já sob controle do Império Galáctico. De especial, ambas expandiram a mitologia da saga e apresentaram ótimos personagens.
E não só na TV, Star Wars também expandiu sua mitologia em outras mídias. E uma que sempre foi um ponto fraco, deixando muito a desejar, foram os games. Agora parece que com Star Wars – Jedi Fallen Order, o novo game da franquia lançado em novembro passado, veio para trazer equilíbrio à Força. Mas você deve estar estranhando estarmos falando de um game em um site que fala de filmes e séries, não é?
Bem, o game tem uma história tão inserida dentro do universo da saga que resolvi dedicar um espaço para falar não dos seus ótimos gráficos e excelente jogabilidade, mas dessa história. Seus temas e como ele se encaixa na franquia.
Para vocês que pretendem, em algum momento, jogar o game, a partir daqui teremos spoilers.
O Padawan Perdido
A primeira coisa que chama a atenção em Fallen Order é como seus temas estão intimamente ligados ao espírito dos filmes originais. Seguimos a história de Cal Kestis (Camaron Monaghan, da série Gotham), ex-aprendiz de Jedi, um dos poucos que sobreviveu à Ordem 66, que causou o Expurgo da Ordem, como vimos em “A Vingança dos Sith”. Cal está completamente perdido, renega suas habilidades e esconde sua ligação com a Força, passando seus dias trabalhando de sucateiro.
Mas após ter seu melhor amigo morto por esconder o seu segredo e ser resgatado por Cere Junda e Greez, piloto da nave Mantis, Cal percebe que é hora de tirar a poeira de seu Sabre de Luz e é incumbido de uma nova missão: aceitar retomar suas habilidades e encontrar um holocron perdido que pode conter o segredo para restaurar a Ordem Jedi, desvendando segredos espalhados em vários planetas da gigante galáxia.
Infelizmente Fallen Order se assemelha muito às séries animadas “Clone Wars” e “Rebels” pela sua desvantagem narrativa. Como fomos apresentados à saga em “Uma Nova Esperança”, nós já sabemos que a Ordem não será restaurada, independente do final do jogo. É o mesmo que acontece em Rogue One, por exemplo. Mas nem por isso deixa de ser uma divertida aventura, cheia de relevância e que dialoga muito bem com seu universo.
A esperança para vencer o ódio
Star Wars sempre se tratou de se erguer contra os poderes autoritários. Mostrar que, enquanto há esperança sempre haverá aqueles que irão se levantar contra as injustiças. E tais temas estão incorporados no game com maestria. A galáxia já se encontra dominada pelo Império, e já existem guerrilheiros lutando bravamente para resistir e trazer liberdade para os povos. Vemos essa figura em um conhecido personagem da franquia, Sal Guerrera (Forest Whitaker).
Temos essa correlação também na história de Cal. Perdido, tentando encontrar seu lugar no meio daquilo tudo, que encontra propósito e se levanta para superar os traumas passados, principalmente a culpa de sobrevivente que carrega, para se tornar alguém melhor. Isso é muito bem contrastado com a figura da principal ameaça do game, a Segunda Irmã. Logo trazendo o primeiro, e mais importante, tema da franquia incorporado no game: como escolhemos lidar com os traumas e desventuras que nos afligem.
Enquanto Cal escolhe se reerguer para deixar toda a sua culpa para trás, ela continuamente se alimenta do ódio que nutre por sua antiga mestra e pela tortura que sofreu. Os que cedem ao Lado Negro escolhem o caminho fácil, se deixam se consumir pelo ódio, iludidamente se julgando mais poderosos com a Força por abraçarem essa dor. Enquanto ser um Jedi se trata de escolher o caminho certo, não importa o quão difícil seja trilhá-lo e sempre mantendo a esperança em foco, e não tendo medo de falhar. Como disse Yoda em “Os Últimos Jedi”, “a falha, grande professora é.”
E o tema de escolhas de vida permeia não só a história de Cal e a vilã, mas todos os personagens centrais do game. Todos são mostrados com nuances e camadas, de como são paralisados por sentimentos de perda e luto. E como se levantam contra isso e aprendem que o sofrimento faz parte da vida e só controlamos a forma como lidamos com ele, ou são tomados e permanecem no mesmo lugar.
Talvez uma das melhores abordagens em toda a franquia abordando a básica diferença entre os Jedi e os Sith.
Se encaixa na franquia?
Jedi Fallen Order se aproveita de vários elementos, principalmente da animação Rebels, para complementar sua narrativa e se tornar canônico para a saga. Os próprios vilões Inquisidores, usuários da Força que foram treinados pelo Lado Negro para caçarem o restante dos Jedi que sobreviveram pela galáxia vem da animação de Dave Filoni. Além do próprio personagem principal também ser um Jedi sobrevivente, assim como era Kanan Jarris na animação.
Além de usar personagens conhecidos, Fallen Order revisita planetas já conhecidos pelos fãs, como Kashyyk, lar dos wookies, Dathomir, que aparece na animação Clone Wars, lar das Irmãs da Noite e do ex-lorde de Sith Darth Maul, e Ilum, planeta que abriga as cavernas de onde são tirados os cristais Kyber, que alimentam as armas dos Jedi.
Além de ser um ótimo jogo, Star Wars – Jedi Fallen Order se torna também um item obrigatório para os fãs da saga. Sua história vem como um sopro de vida à franquia após o fiasco de “A Ascensão Skywalker”. Mesmo se você não apreciar games, vale a conferida de alguma forma.
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