44ª Mostra de São Paulo – Sibéria
Um dos filmes presentes na 43° Mostra de São Paulo é o “O Farol” que trata de um isolamento forçado de dois faroleiros, interpretados por William Dafoe e Robert Pattinson. De certa forma, “Sibéria” filme de Abel Ferrara e que também tem como interprete principal William Dafoe também lida com questões envolvendo o isolamento.
Clint (William Dafoe) vive isolado em uma casa nas montanhas, visitado ocasionalmente por pessoas que por ali passam, mas que não falam o seu idioma. Em praticamente todas as vezes, Clint entende o que essas pessoas querem do bar através dos indicativos e gestos corporais que elas mesmos fazem para ele.
Somos mergulhados em uma psicodélica história envolvendo os sonhos de Clint que chega até a se assemelhar a primeira parte de “Cidade dos Sonhos” de David Lynch, com personagens e ações que nos causam estranheza e indagação sobre aquilo que estamos vendo. Além disso, como em um sonho, na maioria das vezes o personagem simplesmente aparece em determinado lugar, como se tivesse surgido ali por uma questão de magica.
A atuação, principalmente no que diz respeito as práticas que causam estranheza no espectador é um ponto alto do filme. Dafoe está em uma ótima forma e que, sem duvida, merece destaque a sua atuação.
“Sibéria”, assim como um sonho, não segue uma linha narrativa logica e nem adianta buscar ali muito sentido. Toda a psique do personagem, seus traumas com seu pai e sua mãe são embaralhados em um sonho que representa o subconsciente e os traumas daquele personagem.
O filme de Abel Ferrara foi talvez uma das melhores obras que eu vi na 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e talvez seja um daqueles que só cresçam com o tempo e com as possíveis revisitadas.