A Cisterna: jornalismo e fake news

A Cisterna: jornalismo e fake news

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“A Cisterna” filme de Cristiano Vieira tem temas importantes nos dias de hoje: o jornalismo como um meio importante de divulgação de noticias e fatos. A prática jornalística como necessária à sociedade para que esquemas milionários de corrupção sejam descobertos e desarticulados. O filme também discute o impacto que o jornalismo sensacionalista tem na vida das pessoas e de como ele pode ser prejudicial a suas vidas.

Que as noticias falsas são prejudiciais a sociedade é um consenso, ninguém pode discordar disso. Seja em períodos eleitorais, onde sempre temos um grande volume de noticias duvidosas sobre alguma figura importante, ou mesmo na vida cotidiana, com a facilidade de compartilhamento pelas redes sociais.

Dependendo do tipo de noticia falsa, ela pode acabar com a vida e a carreira de uma pessoa, sendo ela famosa ou não. No longa brasileiro, vemos exatamente isso acontecer, os impactos de uma noticia falsa propagada por um jornal sensacionalista que destrói a vida de uma pessoa.

Lorena Ribeiro (Fernanda Vasconcellos) é uma apresentadora de jornal que busca crescer na carreira. Ela está conseguindo atingir seus objetivos graças a um furo de reportagem sobre um esquema de corrupção envolvendo a construção de cisternas e a falta de água. Lorena recebe um premio por causa desta matéria, mas quando sai do evento é sequestrada e a partir dai vemos sua luta por sobrevivência.

Há uma certa confusão na narrativa e acredito que tenha sido esse mesmo o propósito do diretor na construção do seu filme. Sempre se é noticiado o esquema de corrupção e há um detalhamento no envolvimento e no poder dessas pessoas contra quem Lorena está noticiando, mas quem a sequestra não tem nada haver com isso, mas sim com um outro caso que ela havia noticiado antes, o de um abuso infantil.

Acontece que ela e outras pessoas interpretaram uma imagem de um padrasto com sua enteada como se tivesse acontecendo uma relação de abuso, o que acabou gerando a perda da guarda dessa enteada e consequentemente uma tragédia – a qual não falarei aqui para não estragar a sua experiência. Como forma de vingança, Julian (Cristóbal Tapia-Montt) sequestra Lorena e a deixa presa em um poço.

Não sei ao certo se essa confusão na narrativa foi um acerto, sinto que se tivessem mostrado desde o inicio as motivações de Julian o filme teria se desenvolvido melhor, e as discussões sobre as noticias falsas e os seus impactos na vida das pessoas seria mais eficiente. Da forma que foi feito parece que o filme ficou maior do que ele realmente deveria ter ficado e que algumas cenas são simplesmente irrelevantes.

Senti também uma falta de construção da personagem Lorena. Enquanto há uma extensão de cenas que nada soma na narrativa, a jornalista é representada como uma mulher que ama sua filha, mas parece amar ainda mais o seu trabalho. O que a apresenta como uma mãe relapsa que se importa mais com a carreira do que com sua família.

“A Cisterna” pode proporcionar discussões bem relevantes à respeito do jornalismo que é feito no Brasil, tanto o escrito quanto o que é feito nas emissoras de TV. E claro, faz com que refletimos sobre o cuidado que temos que ter ao compartilhar uma noticia, afinal, ela pode e provavelmente vai afetar negativamente a vida das pessoas envolvidas.

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