Coluna: “Continência ao Amor” – Os opostos se atraem ou se estressam?

Coluna: “Continência ao Amor” – Os opostos se atraem ou se estressam?

continencia ao amor cinema em serie
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Desde que a Netflix se propôs a lançar um filme por semana, a qualidade das produções e, principalmente, dos roteiros tem caído cada vez mais. Porém, mesmo assim, algumas obras alcançam o sucesso com o grande público, como foi o caso do filme “Continência do amor”.

O filme conta a história de uma jovem aspirante a cantora que passa por problemas financeiros depois de descobrir que tem diabetes. Para conseguir um plano de saúde que cubra as despesas da doença, ela se casa com um militar que tem pensamentos e um estilo de vida bem diferentes do dela. O casamento seria um benefício para os dois, pois ele também precisa pagar uma dívida do passado. 

Só pela sinopse já podemos perceber que é aquela famosa comédia romântica em que o casal vence as diferenças e fica junto no final. E, sim, esse longa é carregado do famoso clichê: “Os opostos se atraem”, conseguindo levar os protagonistas de brigas sem fim até um romance fofo nas cenas dos créditos. Mas, como disse a crítica Ann Hornaday, em seu livro “Como falar sobre cinema”, “O enredo leva o protagonista do ponto A ao ponto B. Uma boa história transporta o protagonista por uma jornada que parece pessoal e universal, ao mesmo tempo que espontânea e natural”.  Nesse caso, só temos o enredo, pois o roteiro não se desenvolve muito bem, o que, consequentemente, não permite também o amadurecimento do casal principal. 

 

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Ao longo das cenas não sentimos eles se aproximando, em alguns momentos eles possuem atração física e sexual, mas logo em seguida essa aproximação já desaparece e podemos visualizar as diferenças e não é algo que diminui com o passar do filme. Diferente de como acompanhamos no filme “O jogo do amor-ódio” do Prime Video, que vemos o amadurecimento dos protagonistas e como eles lidam com as diferenças. 

Em todos os tipos de relacionamentos, sejam eles amorosos ou não, é normal as pessoas terem diferenças, ninguém é 100% igual ao outro. Entretanto, no dia a dia, o ditado citado anteriormente, “Os opostos se atraem”, na maioria das vezes não funciona e se transforma em “Os opostos se estressam”. 

A permanência em um relacionamento como esse pode acontecer por muitos motivos. O primeiro é a falta de diálogo, pois se não verbalizamos quem somos e o que queremos, a outra pessoa não irá adivinhar, dificultando o conhecimento e quando as diferenças começarem a aparecer pode machucar quem está ao redor. Segundo motivo pode ocorrer quando não nos apaixonamos por quem a pessoa é, mas pela pessoa que idealizamos na nossa cabeça, ignorando todas as ações e falas do parceiro. O terceiro motivo pode vir ligado ao segundo, que é quando acreditamos que vamos mudar o outro, esse pensamento é muito carregado de prepotência e/ou arrogância. Sempre devemos lembrar que ninguém muda por outra pessoa, você só muda quando coloca dentro de você a vontade de mudar.

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Essa última situação citada também não acontece no filme da Netflix, já que no final os dois continuam com seus mesmos propósitos. Isso não é algo ruim, porém ilude o espectador que acredita que pode tranquilamente conviver com alguém totalmente diferente dele. Algo que não é impossível, mas que também não é nada simples. 

Essa compatibilidade de pensamentos e ideais entre casais é algo tão relevante que muitas vezes pode se tornar pauta de artigos, matérias e, pasmem, trends no Twitter. Algumas semanas atrás, ficou em alta na rede social do passarinho, um tweet com o tema “Antes de casar”, que começou com o intuito de pontuar assuntos importantes de conversar com o parceiro antes de se casar. Porém, o tweet entrou no Trending Topics e gerou comentários de inúmeras pessoas e marcas que indicavam (brincando ou não) os temas que achavam necessários para os futuros pombinhos.   

 

Isso só reforça a importância de conversar com o (a) parceiro (a) sobre TUDO antes e durante o relacionamento, para que todos estejam alinhados e nenhum sentimento seja quebrado. 

Não seremos hipócritas ao falar que não é lindo e romântico ver os protagonistas juntos no final em um belo piquenique à beira mar. Porém, devemos sempre ter em mente que aquilo é um filme, na vida real é necessário muito diálogo e respeito, pois quando todas as diferenças e discussões são colocados no nosso cotidiano é cansativo e frustrante, desgastando ainda mais os sentimentos dos envolvidos. 

Você gostou do novo romance da Netflix? Para você os opostos se atraem ou se estressam? 

Até a próxima leitura!

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