Crítica: Histeria

Crítica: Histeria

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Chega a ser engraçado um fato como esse ter sido real, e ainda mais ter se passado num país tão conservador quanto é a Inglaterra, ou era no sec. XIX. Mas Histeria (Hysteria) já ganha pontos comigo pelo fato de contar uma história que seria no mínimo embaraçosa e transformar esse possível embaraço numa comédia que por mais que seja bastante previsível, até que é divertida.

Mas vamos aos fatos, vemos o filme pelo ponto de vista de Mortimer Granville (Hugh Dancy), médico que não suporta mais ver como os métodos da medicina ainda são tão ultrapassados, como usar sanguessuga em feridas. E devido ao seu pensamento à frente do seu tempo acaba sem emprego, até que conhece o ginecologista Dr. Dalrymple (Jonathan Pryce) e fica sabendo sobre a histeria, uma doença associada a irritabilidade feminina cuja única cura eram tratamentos constantes de “toques nas regiões sensíveis” (é, é isso mesmo que você entendeu), e conhece as suas filhas, a obediente Emily (Felicity Jones) e a rebelde e idealista Charlotte (Maggie Gylenhall). E com seu excêntrico amigo (Rupert Everett), inventou o brinquedinho sexual mais famoso do mundo, o vibrador.

Aqui a diretora Tania Wexler usa a comédia para mostrar a total condição de subserviênciaque a mulher inglesa tinha, o próprio fato de existir uma condição patológica que dizia que mulher estava doente (ou às vezes louca) por simplesmente ser “mulher” já é insano. O idealismo de Charlotte vem pra isso, pra quebrar esses paradigmas que eram impostos. E tanto ela quanto o Dr. Granville, cada um à sua maneira, vem pra quebrar paradigmas, ele na área médica e ela na comportamental, para colocar às mulheres na faculdade e até lhes dar condições para votar.

Bem, embora bastante previsível na situação “opostos que se atraem” desde o primeiro encontro de Granville e Charlotte, Histeria é interessante, se você está procurando por uma comédia leve, mas não vai além disso. Aliás, muito do filme se salva pela atuação, principalmente, da dupla principal, embora o sotaque britânico da Gyllenhall tenha que ser melhor trabalhado, mas isso é detalhe. Mas na criação do vibrador, que também foi uma revolução, a verdadeira revolução veio dos personagens fictícios.

 

Hysteria, Reino Unido/França/Alemanha/Luxemburgo , 2012 – 100 minutos

Elenco: Maggie Gylenhall, Hugh Dancy, Felicity Jones, Rupert Everett, Jonathan Pryce

Direção: Tania Wexler

 

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