Crítica: Procura-se Um Amigo para o Fim do Mundo

Crítica: Procura-se Um Amigo para o Fim do Mundo

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Com um título bem estranho e pouco comercial, Procura-se Um Amigo para o Fim do Mundo nos apresenta uma visão mais intimista do dia do juízo final, onde o foco é o drama emocional dos personagens e não os efeitos especiais e a catástrofe em si, indo na contra-mão da velha fórmula dos filmes-catástrofe que todo mundo já está cansado de ver. Ou seja, espere algo mais próximo de um Melancolia (só que bem mais leve) do que de um 2012 ou Um Dia Depois de Amanhã.

Na trama, Dodge (Steve Carell), um patético (mas simpático) vendedor de seguros, é abandonado pela esposa (Nancy Carell) imediatamente após ouvir no rádio sobre o fracasso da última tentativa de impedir que um meteoro se choque com a Terra em três semanas, acabando com toda a humanidade. Enquanto seus amigos aproveitam seus últimos dias em festas regadas à drogas e onde ninguém é de ninguém, Dodge segue sua rotina, indo para o trabalho e fazendo compras para que sua empregada possa limpar os vidros de sua casa. Não é que a ficha não tenha caído, mas ele simplesmente parece não saber o que fazer diante do inevitável fim.

Tudo muda quando o destino coloca em seu caminho sua vizinha Penny (Keira Knightley), que também acabou de sair de um relacionamento e é apaixonada por sua coleção de discos de vinil. Depois de um motim na vizinhança, os dois decidem embarcar numa viagem em busca de seus últimos desejos: ele vai atrás de uma ex-namorada, o grande amor de sua vida, e ela vai ao encontro de sua família. Ao longo da fita, no entanto, eles vão percebendo que, na verdade, tudo o que eles querem é fugir da solidão.

A atuação minimalista de Steve Carell em contraponto às expressões faciais exageradas de Keira Knightley, dá uma certa química interessante ao casal de protagonistas, o que contribui para que nós, os espectadores, nos importemos com o que o destino reserva aos dois. O elenco de apoio, com nomes como Adam Brody, Martin Sheen e William Petersen, também não faz feio e suas participações rendem alguns bons momentos de humor negro e outros bem emotivos. Já o mascote do filme – o cachorrinho Sorry – não chega a fazer nada muito marcante, mas está ali como o fiel amigo que fica (quase) até o fim ao lado do personagem de Carell.

No entanto, o mais interessante e talvez o grande trunfo do filme é o fato da roteirista/diretora Lorene Scafaria colocar no caminho dos protagonistas as diferentes reações das pessoas diante do fim do mundo. Há os que decidem se soltar e experimentar de tudo, os que não aguentam a pressão e decidem se matar (seja por conta própria ou contratando um assassino), os que aproveitam o momento de desespero para simplesmente criar tumulto, os que acreditam que vão sobreviver a tudo e se preparam para o recomeço, e os que continuam vivendo suas vidas normalmente (seja limpando a casa ou cortando a grama do jardim horas antes do juízo final).

Alternando entre momentos cômicos, românticos e dramáticos, Procura-se Um Amigo para o Fim do Mundo vale o ingresso por conseguir manter o equilibrio do começo até o (tenso) fim, com uma trama bem estruturada e embalada ao som de Beach Boys, The Hollies, Walker Brothers e outros sucessos presentes na coleção de discos da Penny. Mas se você procura emoção em grandes cenas de ação, muita correria e gritaria, passe longe porque você vai achar o filme muito morno.

 

Seeking a Friend for the End of the World, EUA, 2012 – 101 min.

Elenco:
Steve Carell, Keira Knightley, Adam Brody, Martin Sheen, Melanie Lynskey, William Petersen, Connie Britton, Rob Corddry, Patton Oswalt, Gillian Jacobs.

Direção:
Lorene Scafaria

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