Crítica: Somos Tão Jovens

Crítica: Somos Tão Jovens

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Galera, o problema de se ver um filme baseado na vida de alguém é que nunca temos a visão geral da coisa, porque é impossível resumir anos de vida de uma pessoa em meras 2 horas (ou menos em alguns casos). Então esse resumo é feito da melhor maneira possível, para que possamos ver as linhas gerais e ter uma noção da vida dessa pessoa. O problema de Somos Tão Jovens, cinebiografia do cantor Renato Russo, é que esse resumo deixa inúmeros furos e parece ser corrido demais, não dando importância a certos detalhes e parecendo mais um passeio através das inspirações que ele teve para criar as músicas que 15 entre 10 adolescentes já cantaram, cantam ou cantarão um dia.

No entanto, o filme ganha pontos ao retratar a Brasilia em que vivia Renato Manfredini Jr, ou Renato Russo (Thiago Mendonça, de 2 Filhos de Franscisco), numa época em era tido como correto estudar, fazer faculdade e seguir os passos do pai, e como foram surgindo jovens que não se identificavam com aquele padrão e queriam quebrar esse paradigma. E por mais que a interpretação de Thiago Mendonça esteja no ponto,  o filme não soube mostrar muito bem coisas importantes, como a criação do Aborto Elétrico e toda a inspiração que ela causou na criação do cenário Punk-Rock do país, como as criações da Plebe Rude e futuramente da própria Legião Urbana e do Capital Inicial. Tudo é mostrado muito rapidamente, “não temos tempo a perder”, sacou?

Por falar em interpretação, a de Thiago e de sua amiga Anna (Laila Zaid) são as únicas que convencem, porque de resto, parece que estamos vendo uma grande novela mexicana, o que é um desperdício de elenco. Mas em termos de caracterização, o filme ganha pontos, porque é impossível você bater o olho na tela e não reconhecer certas personalidades da música, como Dinho Ouro-Preto (vocal do Capital Inicial) e Herbert Vianna (vocal dos Paralamas). E o filme também tem uma necessidade de auto-explicação que tira muito da sua graça, tipo “ah, Dado, você toca como um Villa Lobos” e coisas do tipo.

Somos Tão Jovens ganha por mostrar curiosidades da época e das inspirações que fizeram Renato Russo nos brindar com músicas como “Ainda é Cedo” e “Faroeste Caboclo”, mas o Renato enquanto pessoa e suas dificuldades, vemos muito pouco. Se você viveu a época, pode dar mais valor a essas pequenas coisas do que os mais jovens, que simplesmente estão indo para conhecer uma nova faceta do artista do qual nunca tiveram chance de ver um show ou mesmo uma entrevista. Então, vale o ingresso? Vou dizer que depende da sua idade. Mas vou continuar com o CD.

 

Somos Tão Jovens, Brasil, 2013 – 104 min.

Elenco: Thiago Mendonça, Laila Zaid, Bianca Comparato, Marcos Breda

Direção: Antonio Carlos da Fontoura

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