Crítica: Vou Rifar Meu Coração
Galera entre vocês, leitores mais novinhos eu duvido muito, mas no tempo dos seus pais e avós o que hoje é chamado de “música brega” era o que havia de melhor pra dançar agarradinho e acompanhar o cidadão amargurado com um copo de cachaça na sua mão. Mesmo nos nossos dias ainda é possível ver isso, nos interiores desse nosso enorme Brasil, e é isso que a documentarista Ana Rieper nos mostra em Vou Rifar Meu Coração.
O documentário fala sobre a música romântica brasileira (que nós chamamos de “Brega”), com o depoimento de vários cantores da música Brega, como Wando, Nelson Ned e Amado Batista, e traça um interessante paralelo com as letras dessas músicas com a vida das pessoas, situações que casais já viveram e inúmeros curiosos (e alguns até hilários) casos similiares aos cantados nas músicas. Com sua experiência em mostrar a cultura popular brasileira, Ana Ripier nos mostra como a música “brega” ainda se encontra enraizada nos cantos do país e como essas pessoas meio que se orgulham disso, e como os cantores e suas músicas não estão tão longes do seu público, que eles viveram e passaram pelas mesmas experiências que eles cantam, gerando tamanha identificação entre cantor e público.
E nem vem me dizer que você nunca curtiu um brega, por que no mínimo você já se pegou cantando “Morango do Nordeste”. E é isso que curta também trabalha, o fato de que a música que hoje é chamada de “brega” já foi conhecida e apreciada por todos, não apenas uma parcela mais humilde (por assim dizer) da população, fato muito frisado por Agnaldo Timóteo (a modéstia em pessoa) e Odair José E cá entre nós é verdade, pode falar que é chata, pegajosa, mas todo mundo já curtiu um dia, do contrário atire a primeira pedra.
Com pessoas tão dispostas a compartilhar um pedaço de suas vidas e artistas de nome que já foram ídolos de uma geração, Ana Rieper nos mostra um grande retrato de um Brasil que parece estar muito longe e ao mesmo tempo está mais próximo do que nós imaginamos.
Vou Rifar Meu Coração, Brasil, 2012 – 78 min.
Direção: Ana Rieper