Uma coisa que tenho que admitir (e admirar) é que Hugh Jackman tem um verdadeiro carinho pelo Wolverine, personagem que já interpreta pela sétima vez, aliás, o recordista em interpretar o mesmo personagem nos cinemas. Só isso explica o fato dele topar um novo filme do herói mutante depois do fiasco de crítica que foi X-Men Origens, o primeiro filme solo do Wolverine. O próprio, em entrevista, disse que foi difícil tomar essa decisão e só voltou pois achou que valeria a pena mostrar o personagem no Japão. Mas então a pergunta que fica é: valeu mesmo a pena?
O filme não diz exatamente quanto tempo se passou desde que o herói tomou a difícil (e dolorosa) decisão de matar a sua amada Jean Grey em São Francisco (evento mostrado em X-Men 3: O Confronto Final), mas vemos o personagem totalmente tomado pela culpa e atormentado frequentemente por visões com ela. E é assim que Logan é encontrado pela jovem Yukio (Rila Fukushima), que o leva ao Japão à pedido de seu patrão, Shingen Yashida (Hal Yamanouchi). Este, à beira da morte, oferece algo que pode ser o fim dos problemas e dos tormentos de Logan: a mortalidade.
O ponto interessante do filme foi justamente tirar Logan da chamada “zona de conforto”. O herói está em outra cultura, uma cultura mais rígida e tradicional que é a japonesa, onde os costumes são levados ao pé da letra. E ainda, como já vimos nos trailers, o herói perde o seu fator de cura, seu poder que sempre o livra da morte certa. Logo, vemos aqui um personagem mais vulnerável, mas também mais feroz. O bom nisso é que Jackman pôde trabalhar melhor os tormentos do personagem, mas sem esquecer de que estamos num filme de super-herói, sem deixar de lado a aventura.
O filme tem uma história muito superior ao primeiro filme solo do Wolverine, e os personagens também ficaram bem legais, até mesmo o Samurai de Prata, que parecia tão esquisito no trailer. Ele basicamente segue o formato dos filmes da Marvel que está fazendo tanto sucesso: apenas divertir o espectador e nada mais. E nisso ele se sai muito bem, com cenas de ação bem empolgantes. O longa só peca pela sua duração, pois se fosse mais conciso, como o primeiro X-Men, ganharia mais em agilidade. Ele se estica um pouco mais do que deveria, e o 3D nem vale tanto a pena.
O resultado positivo do filme se deve à mão do diretor James Mangold (Encontro Explosivo), que tem mais experiência do que Gavin Hood (diretor de X-Men Origens: Wolverine), e soube fazer um trabalho na ação, sem deixar de lado as motivações dos personagens. Wolverine – Imortal cumpre seus dois objetivos: fazer esquecer a decepção que foi o Origens e dar fôlego ao personagem, que veremos mais uma vez no novo filme dos X-Men. E fiquem até o fim dos créditos para ver o que nos espera em Dias de um Futuro Esquecido.
The Wolverine, EUA, 2013 – 126 min.
Elenco: Hugh Jackman, Famke Janssen, Tao Okamoto, Rila Fukushima, Hal Yamanouchi, Will Yun Lee, Svetlana Khodchenkova, Hiroyuki Sanada, Brian Tee
Direção: James Mangold.
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