Resenha: Bohemian Rhapsody
Cinebiografias de astros que deixaram sua marca no mundo não são uma novidade. O interessante é ver como aquela personalidade será tratada nas telas. Seria improvável que o líder de umas das bandas mais influentes da música mundial passasse desapercebido por essa tendência. E por mais que Bohemian Rhapsody se venda como uma celebração da banda, se trata muito mais de como seu frontman, Freddie Mercury (Rami Malek), levou à banda a esse estrelato.
E é disso que o filme se trata, como Mercury e, por consequência, a Banda Queen, ousaram atravessar as barreiras musicais para criar mais do que simplesmente músicas, mas dar uma experiência ao seu público. E através dos anos, o sucesso e inúmeras turnês, vemos todas as fases que Mercury passou, se cercando de más influências, até a descoberta da AIDS e o lendário show do LiveAid em Wembley.
O começo do filme é extremamente acelerado, o filme mostra as origens paquistanesa de Freddie e como do seu encontro com Bryan May (Gwilym Lee) e Roger Taylor (Ben Hardy) começou a sua carreira musical. Não há uma passagem de luta e dificuldade, faz parecer que o sucesso foi súbito e tudo foi bastante fácil. O filme se concentra mais em mostrar os percalços que Freddie passou após a já cimentada carreira, mas passando rapidamente pelas indiscrições e promiscuidades provocadas pelo cantor. Bohemian Rhapsody é uma homenagem ao à lenda que Freddie é, mas deixa o homem um pouco de lado.
O longa mostra os outros integrantes da banda, depois com a entrada de John Deacon (Joseph Mazzello) muito mais como uma bússola moral de Freddie do que também tendo possíveis dilemas e dramas em suas próprias vidas. E durante esse passeio por sua vida, vemos o surgimento de vários sucessos da banda, como We Will Rock You e Another One Bites the Dust.
Como o filme é todo centrado em Mercury, Malek entrega uma ótima atuação e te prende na tela como o cantor prendia o público ao palco, e como ele desafiou toda uma indústria musical para permanecer fiel à sua visão de dar algo novo ao público. Mas mesmo com toda a arrogância e talento, é possível ver a fragilidade de Mercury em sentir-se sozinho enquanto todos seguiam com suas vidas. Mas até a boa atuação de Malek não esconde as falhas que o filme tem, como a sua duração. Como eu disse, ele tem um começo muito acelerado, pra puxar o freio de mão no seu meio e enfiar o pé na tábua em seu final. Mas compensa, pois o final se trata de uma fiel recriação do show do Queen para o LiveAid. Quem não viu, poderá partcipar. Quem já é fã da banda desde à época, poderá relembrar. Até para os fãs tem uma breve passagem pelo Rock in Rio. E para um pedaço que foi tão significativo para a história do Queen (e permanece até hoje como um dos grandes shows da história do festival), ele passa bastante desapercebido.
Mesmo com todas as confusões de produção entre Malek e o diretor Bryan Singer, Bohemian Rhapsody é um grande passeio que homenageia a contribuição de Mercury com as músicas que ele deixou. Com uma câmera que faz você passear entre as performances de Mercury e a guitarra de May, é impossível não se pegar cantando e até mesmo batendo os pés no chão no ritmo da batida.