Resenha: Brinquedo Assassino

Resenha: Brinquedo Assassino

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Se tem uma franquia que chegou a ter status de cult para cair no esquecimento e até atingir o nível de “trasheira” foi Brinquedo Assassino. Desde a sua primeira aparição em 1988, Chucky foi amassado, pisado, cortado, estripado, remendado e multiplicado, ficou noivo e teve um filho (pra você ver o nível que chegou) ou seja, já fizeram de tudo um pouco com o coitado, o personagem foi reduzido até não ser levado mais a sério. Esse reboot vem com essa missão, levar Chucky ao hall de personagens que uma vez pertenceu.

O novo filme mexe em inúmeros aspectos em relação ao seu original, e logo de cara vemos a mudança mais gritante. Dessa vez não há um perigoso assassino psicopata que, para continuar a viver e fugir da polícia, transfere sua alma para um famoso boneco.  Aqui a empresa Kaslan cria o boneco “Buddy” como uma nova opção de companhia para as crianças ao mesmo tempo que, graças à tecnologia de inteligência artificial, ele também pode controlar todo eletrodoméstico e aplicativos da empresa, criando assim um sistema integrado. Com esse novo Buddy, você pode controlar a música do seu som e pedir um carro inteligente para te levar onde quiser, por exemplo. E ele também tem a capacidade de aprender suas preferências, falar e pensar por conta própria, tudo customizado para entreter o usuário ao máximo. E aí que começam os problemas;

Em uma das fábricas, com péssimas condições para seus funcionários, um resolve se vingar e reprograma um dos bonecos, alterando toda a sua configuração original. Ao ser devolvido para a loja Kate (Aubrey Plaza) resolve dar o boneco defeituoso para seu filho Andy (Gabriel Bateman). Ambos acabaram de se mudar e o garoto vem tendo problemas para se relacionar, então o boneco, que se auto intitulou “Chucky”, era uma boa companhia no começo. Mas a programação ruim do boneco se torna uma perigosa obsessão quando misteriosos crimes começam a acontecer ao redor do menino, cabendo a ele revelar a verdade por trás do seu sinistro boneco.

Apesar das drásticas mudanças em relação ao original, elas são perfeitamente aplicáveis nas circunstâncias dos dias atuais. É muito mais fácil de acreditar no “chip do mal” do que num ritual vodu de transferência da alma (embora prefira muito mais essa explicação). E também na rápida perda de interesse de Andy, que aqui já é um adolescente, não a criança de 7 anos que vimos no filme de 88. Levando Andy a ter um grupo de amigos no filme que, no final, fica clara a referência a Stranger Things. Apesar do filme não apresentar nenhuma atuação que desponte, o elenco está bem afinado com a nova proposta. Gabriel Bateman consegue mostrar um Andy bem angustiado, beirando a loucura em muitas vezes, Aubrey Plaza como a mãe do menino que se esforça para agradar e ao mesmo tempo procura uma nova figura paterna para o jovem, e Bryan Tyree Henry como o policial vizinho que investiga os misteriosos assassinatos. E Mark Hammill como a nova voz de Chucky equilibra bem a inocência com os momentos mais sombrios, e a transição de um para o outro.

A nova versão ainda mantém o característico humor negro de Chucky, mas apresentados de modo mais sutil. E a direção do norueguês Lars Klevberg é segura, dando justificativas para os atos do boneco, para que o público os entenda. E o filme produz alguns sustos interessantes, graças à tecnologia integrada. Inovação sem perder as características que deram certo no passado.

O novo Brinquedo Assassino não acrescenta nada ao gênero mas pelo menos ele tira a péssima impressão das tantas sequências onde Chucky virou uma completa galhofa. Aqui o personagem é apresentado e adaptado para uma nova platéia. Dos males, o menor.

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