Resenha: Círculo de Fogo
Robôs gigantes lutando contra monstros gigantes. Se apenas esta frase já é motivo suficiente para você ir ao cinema, com certeza você vai gostar MUITO de Círculo de Fogo. Agora, se você espera ver algo mais profundo, talvez esta não seja a sua melhor opção para o fim de semana.
Para começar, é bom que fique claro que Círculo de Fogo é uma clara e apaixonada homenagem do diretor Guillermo del Toro às produções japonesas – que vão desde Godzilla, passando pelos tokusatsus tipo Jaspion, até mangás e animes como Evangelion. Então, se você curtia ou curte algo do gênero, não estranhe se abrir um grande sorriso no rosto ao ver alguma das várias referências presentes ao longo do filme.
O longa começa com uma apresentação básica da trama: num futuro não muito distante, a humanidade sofre com os constantes ataques dos Kaijus, monstros gigantes que surgem através de um portal dimensional localizado numa fenda nas profundezas do Oceano Pacífico. Como nenhum exército da Terra dá conta dos monstros, os países resolvem unir seus recursos para construir os Jaegers, robôs igualmente gigantes que precisam ser controlados simultaneamente por dois pilotos, cujas mentes ficam interligadas por uma ponte neural. Mas após anos de guerra, os ataques dos Kaijus ficam cada vez mais constantes e com menos Jaegers ativos, parece não haver mais salvação para a raça humana.
É claro que Círculo de Fogo não se trata só de robôs e monstros, e existem também os personagens humanos que conduzem a trama. O protagonista é Raleigh (Charlie Hunnam), um dos pilotos do Jaeger Gipsy Danger, que acabou abandonando o cargo após passar por uma experiência traumatizante. Anos depois, ao ser convocado pelo comandante Stacker Pentecost (Idris Elba, o melhor em cena!), Raleigh volta para ajudar no que pode ser a batalha final contra os Kaijus, missão essa que ele divide com a talentosa, mas inexperiente piloto Mako Mori (Rinko Kikuchi, que parece saída de um desenho japonês).
O roteiro, assinado por del Toro e Travis Beacham, não tenta sobrevalorizar o que tem a dizer e fica evidente que ele não se leva muito a sério, preferindo manter um tom de fantasia a se prender ao realismo que virou “modinha” no cinema blockbuster. Há espaço para o desenvolvimento da história e dos personagens, para longas cenas de luta entre robôs e monstros, para momentos de alívio cômico, e claro, para os vários clichês e referências à produções japonesas. Nesse quesito, o grande mérito do filme é o fato dele apresentar uma história fechada, sem se preocupar em deixar pontas soltas para iniciar uma franquia no cinema.
Se a trama aposta na simplicidade, Guillermo del Toro compensa ao caprichar na qualidade técnica e no visual, algo que não chega a ser uma surpresa para quem conhece os outros trabalhos do diretor. Tudo é feito com muito cuidado e competência, desde a escolha das cores, as texturas, o visual dos robôs e dos monstros, até os efeitos especiais, que fazem as lutas entre os seres colossais parecerem reais, sendo possível até sentir o peso dos robôs e dos monstros em cena. Sem querer fazer comparações (mas já fazendo), del Toro criou um espetáculo que Michael Bay e seus Transformers nunca conseguiram. (SIM, Círculo de Fogo é infinitamente melhor!)
Enfim, Círculo de Fogo está longe de ser perfeito, mas é diversão garantida para quem procura um filme pipoca e o tipo de produção que não tem o mesmo impacto se for assistido fora do cinema. Por isso, separe já o dinheiro do ingresso! Quanto ao 3D, NÃO faz muita diferença, sendo apenas um luxo pelo qual se paga um pouco mais caro.
Ah, tem uma cena rápida (e boba) na metade dos créditos finais!