Resenha: Detroit em Rebelião

Resenha: Detroit em Rebelião

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Que Hollywood vem, ao longo do tempo, se colocando fortemente contra a política Trump, isso é visível. Cada vez mais vemos filmes com a temática racial/sexual ganhando espaço, como forma de crítica à sua forma de fazer política. E com Detroit em Rebelião, a diretora Kathryn Bigelow nos traz um novo produto que olha para trás na própria história americana para nos mostrar como tais intolerâncias levaram a Detroit dos anos 60 a uma das maiores revoltas populares do país, numa época onde a segregação racial estava no fim, mas ainda tinha seus resquícios.

Bigelow conduz tudo com todo o tempo necessário para nos explicar a condição político/social da época (em um breve resumo na abertura do filme), colocar cada personagem em seu devido lugar, mostrar como estava fina a tensão entre população e autoridades que queriam conduzir seu trabalho e eram acusadas de abuso por parte de alguns, e conduzir todos para o clímax do filme, o caso do hotel Algiers que resultou em um trágico fim, que dita o destino dos envolvidos e marca suas vidas em diante.

Outro destaque vai para a fotografia, sempre nervosa, urgente e inquieta como todo o filme, na maior parte do tempo com planos sempre fechados, seja seguindo uma perseguição ou mostrando a reação dos atores, seja aflição ou ira. E tudo isso ao mesmo tempo na sequência do hotel, exemplarmente filmada, com atuações ótimas e inspiradas por parte de Will Poulter como o policial que abusa da sua posição de poder. E não só ele, como seus colegas policiais, representam o lado racista do filme, ainda enraizados com a cultura da segregação americana. John Boyega infelizmente tem um papel um tanto apagado, mas que não põe em detrimento o todo o filme. Ele simplesmente é o cara que quer fazer a coisa certa, percebe que as autoridades precisam manter a ordem, mas poucas vezes se posiciona diante da injustiça.

Kathryn Bigelow coloca homens em uma situação de tensão e mostra a sua fragilidade psicológica, e o faz muito bem como fez em Guerra ao Terror. Só acho que aqui a duração do filme prejudica um pouco. Detroit em Rebelião vem num ótimo crescente, mas dá uma freada brusca no início do último ato, para nos dar um final satisfatório. Ainda assim, o filme é angustiante, poderoso e necessário. Um verdadeiro soco.

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