Resenha: Drácula – A Última Viagem do Deméter

Resenha: Drácula – A Última Viagem do Deméter

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Quem conhece a famosa obra literária de Bram Stoker sabe quem dentre todos os seus capítulos, contando a saga de amor do Conde Drácula por Mina Murray, que atravessa séculos e séculos, existe um capitulo em especial que sempre teve um potencial de gerar um produto independente. O capítulo em questão mostra a viagem que o Conde realiza em um navio que vai da Romênia com destino a Londres.

Tanto era o potencial que a ideia de fazer um filme de terror mostrando esse capitúlo em especial já roda Hollywood há anos. Demorou pra chegar, tanto que a série do Drácula da Netflix faz exatamente isso, dedicando um capítulo inteiro que funciona exatamente como um filme. O que faz com que A Última Viagem do Deméter (The Last Voyage of the Demeter), não seja lá uma novidade.

O que não quer dizer que não seja minimamente divertido.

Muito ambiente, pouco conteúdo

A trama (que é brevemente passada no filme de Francis Ford Coppola) mostra a Deméter ancorada na Romênia, se preparando para uma nova viagem, dessa vez, rumo a Londres. Seus tripulantes são os imediatos Petrovsky (Nikolai Nokilaeff), Olgaren (Stefan Kapičić, o Colossus dos filmes Deadpool e Deadpool 2), Larsen (Martin Furulund), o cozinheiro Joseph (Jon Jon Briones), o primeiro imediato Wojcheck (David Dastmalchian, de O Esquadrão Suicida), o capitão Elliot (Liam Cunninghan, de Game of Thrones) e seu neto, o pequeno Toby (Woody Norman). Antes de zarparem, o Dr. Clemens (Corey Hawkins, de 24 Horas – O Legado e Um Bairro de Nova York) consegue uma carona para retornar à Inglaterra e aceita ajudar com o grande carregamento que precisa ser transportado.

O que era para ser apenas mais uma viagem se torna um verdadeiro pesadelo quando os tripulantes da Demeter começam a lidar com eventos sinistros e a sumir um por um, e precisam descobrir o que está acontecendo e quem está causando esses desaparecimentos, antes que não sobre ninguém até Londres.

Apesar da boa premissa, o filme acaba caindo nas velhas armadilhas de filmes de terror. Tirandoa mudança de cenário, os personagens você já viu em diversos outros filmes do gênero. Ao bater um olho em cada um você vai saber exatamente quem vive e quem morre. Além de todos tomarem péssimas (e estúpidas) decisões ao longo da viagem.

Culpa do fraco roteiro de Bragi F. Schut (Trem-Bala) e Zak Olkewicz, que abusa dos clichês como a mulher forte interpretada por Aisling Franciosi (a única que toma decisões importantes, de fato), um personagem principal com motivações rasas que vira o herói e decisões que tiram o que poderia deixar o final do filme um pouco mais interessante ao invés de torná-lo um produto que deseja se tornar algo maior do que o que nasceu para ser.

E o diretor André Øvredal (Histórias Assustadoras para contar no Escuro) até que tenta, imprimindo um estilo intrigante ao filme. Ao contrário da já mencionada adaptação da Netflix, que segue um caminho mais conspiratório, com Drácula alimentando uma paranóia de que há um assassino entre os tripulantes, Øvredal transforma o vampiro em algo mais monstruoso, uma besta sobrenatural que vai fazer de tudo para sobreviver e chegar ao seu destino.

O diretor se utiliza da fotografia sombria, com nuvens, sombras e ambientes claustrofóbicos, e do som rangendo das madeiras, para criar uma atmosfera aterrorizante, e consegue fazer isso muito bem.

E vale a pena assistir?

Não é problema quando Hollywood faz um filme que já se sabe o seu final (já tivemos diversas adaptações de Romeu e Julieta, por exemplo). Mas já que o final já é esperado, é importante conquistar o espectador na jornada, é ela que vai fazer com que a audiência se importe e goste do que está assistindo. Mas não é o caso aqui.

Mesmo que ele traga o final do capitúlo da história original, ele toma diversas liberdades, que não são nem um pouco criativas. Decisões que acabam tornado Drácula – A Última Viagem do Deméter um interessante passatempo. E falo isso por que me diverti assistindo, alguns podem ser até mais críticos do que estou sendo.

Então, para minha avaliação final, digo: como fã de tudo relacionado à Drácula, eu gostei do filme, mesmo com ele não fazendo juz ao legado do vampiro criado por Stoker. Eu gosto de tosqueiras como o pavoroso Drácula 2000, não sou parâmetro. Ou se você só quer algum passatempo, ver pessoas morrendo de forma idiota em um cenário até interessante, pode assistir sem medo.

Mas se você é bastante criterioso com o que assiste relacionado a Drácula, eu não recomendaria. Mas, .

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