Chegando uma nova resenha feita pela nossa colaboradora Alessandra Nunes, confiram e curtam bastante.
Halloween 2018 é para o Halloween 1978 o que Star Wars: O Despertar da Força é para Star Wars: Uma Nova Esperança. O filme segue praticamente os mesmos pontos que o filme original de John Carpenter, passando pelas mesmas fases e repetindo muitas das mesmas situações, embora o cronograma esclarece que é logicamente uma sequência direta e não poderia existir sem o seu antecessor. O fato de que eles têm muito em comum reduz o efeito global do filme. “Puro Mal” como é originalmente chamado a figura de Michael Myers, é reduzido à sua condição humana, perdendo o efeito de suspense sobrenatural. Mesmo assim, nada disso impede que ele seja um dos títulos mais divertidos do ano e que o retorno do assassino de babás tenha uma força brutal cheia de surpresas que reacendem o fogo do gênero slasher.
Há diversas referências ao clássico e no melhor estilo: fazendo carinho nos fãs atentos e sem atrapalhar em nada o andamento da história. Há um plano onde a menina olha algo pela janela que é quase igual (exceto por uma leve diferença), ao que vimos em 1978. Um dos mortos por Myers é grudado na parede, tal como ele fez outrora. E claro a trilha sonora de John Carpenter que retorna e dá para colocar na lista.
Um momento, quase que de humor, remete à famigerada relação que os filmes anteriores criaram: a de que Laurie e Michael Myers seriam irmãos. Como isso só aparece depois do primeiro filme, um dos personagens logo trata de colocar que isso era apenas lenda, ou seja, temos uma alfinetada dizendo: “deixa os outros pra lá e vamos focar no que interessa”.
Os vários clichês integram esse tipo de filme de modo quase obrigatório. Há o sexo, o núcleo adolescente, a fuga, os personagens inúteis que estão ali para morrer, os absurdos e, claro, a noite de Halloween. Aceitar ou não tais elementos cai em um âmbito quase subjetivo. Eu prefiro o olhar de como esses elementos são postos. E a melhor palavra é: honestidade. O longa sabe o que quer ser e entrega exatamente aquilo. Os elementos daquela atmosfera oitentista estão todos lá.
Para o público se reaproximar do mito Michael Myers, o roteiro usa como muleta uma dupla de jornalistas que quer entender a mente do assassino. Esse núcleo é o motor inicial da trama, mas fica um tanto frágil e tira tempo em tela do que importa de verdade: o encontro dos antigos caça-caçador, aqui desvirtuado.
Quando Laurie finalmente enfrenta O MAL, o preço do ingresso é completamente justificado. Embora vários dos golpes fulminantes do mascarado são dados como uma espécie de homenagem ao filme original, os novos são realmente deliciosos (se é que posso usar essa palavra para descrever o sangue do filme). Enquanto a persistência de Michael Myers faz menos sentido do que Jason ou Freddy, pois não é um ser sobrenatural, o trabalho de Gordon Green é muito bem sucedido, e, assim como o retorno de Star Wars em 2015 foi uma caminhada ao longo dos mesmos caminhos, espero que no próximo Halloween ouse se afastar do que é conhecido por uma nova geração. Quem pensou que ele estaria morto para o cinema se enganou, afinal bichos-papões nunca morrem.
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