Desde a compra da Lucasfilms pela Disney, a casa do rato prometeu o que todo órfão de Star Wars queria: um filme por ano da franquia. Para isso, eles resolveram revisitar momentos e personagens marcantes para contar histórias paralelas à trama principal, o que é um ótimo modo de manter o público sempre interessado e à espera de novos produtos da marca. Isso começou com Rogue One, que contra tudo e todos, foi um grande sucesso. Para o segundo filme paralelo, foi escolhido contar a origem do canalha mais querido dessa galáxia tão, tão distante. Mas a pergunta sempre foi: essa história precisava ser contada?
Acaba que Han Solo – Uma História Star Wars não é exatamente um filme de origem. Ele dá uma pincelada no passado do personagem mostrando o necessário para nos fazer entender como ele começou o estilo de vida em que ele nos foi apresentado em Episódio IV. Seu passado nas ruas do planeta Corellia, sua passagem pela infantaria Imperial (mostrada de forma bem rápida e muito mais para estabelecer a personalidade arredia dele) e sua primeira ação como contrabandista. O Han (Aldren Ehrenreich) que vemos aqui não traz nada de novo ao personagem que já conhecemos. Han continua tentando garantir sua vida e seus esquemas na lábia, mas também se deixa tomar decisões pelo emocional e fazer a coisa certa.
O maior problema é o mesmo de vários filmes de origem que saem depois do filme principal, assim vemos Han por vários momentos quando ele conhece o parceiro Chewbacca e ganha a sua nave, a Millenium Falcon. O fã já sabe desses momentos pois foram ditos na franquia original. Acaba que “Solo” se mostra muito mais um filme para quem está chegando agora na franquia e gostaria de ver mais do personagem de Harrison Ford, visto pela última vez no Episódio VII. O que não é ruim, mas esses momentos soam tipo “mais do mesmo”. Mas um ótimo elemento foi levar o filme como uma espécie de filme de assalto, ele acerta muito bem nessa dose e dá um aspecto bem divertido ao filme. E até mesmo chega a ser o filme mais exótico de Star Wars, mostrando raças e planetas novos mas que são bem usados para contar a história, não estão lá apenas para preencher aquele mundo e sim para contexto. Ponto para Ron Howard, que chegou há tempo de salvar um filme que muitos tomavam como “desacreditado” e “bomba” e o tornou até interessante de se assistir, mesmo com as óbvias viradas de roteiro. Até mesmo a fotografia, casando com a identidade visual dos recentes filmes, agrega muito. Até as cenas de voô da Millenium são bem exploradas, mesmo com a “homenagem” à Velozes e Furiosos (é, nós sacamos, seu Howard).
O elenco não tem grandes performances mas também não diminui a qualidade do filme. Ehrenreich deixa a desejar se o compararmos à Ford, mas pelo menos faz o necessário para que o espectador se importe com a jornada do personagem. Dos outros, apenas destaco um Woody Harrelson (de longe o mais interessante) como uma espécie de “mentor” de Han. Paul Bettany traz um vilão legal e Emilia Clarke não agrega muito como interesse romântico.
Com aparições surpresas mas que não agregam nada nem à história do filme e nem ao cânone, dizer que Han Solo – Uma História Star Wars é ótimo seria um grande exagero, mas dizer que ele é o fracasso que se esperava está longe de ser verdade. Pra um filme com uma história que não precisava ser contada, ele é minimamente divertido e funciona como um bom passatempo. E considerando tudo que se imaginava, eu já considero isso uma grande vitória.
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