Nova resenha na área gente, por Alessandra Nunes. Confiram e curtam bastante:
Ancorada por uma performance de aço de Claire Foy como a justiceira e hacker Lisbeth Salander, a Garota na Teia da Aranha é indiscutivelmente a entrada mais acessível da franquia Millenium. É mais enérgico do que o remake artístico de David Fincher em “Os Homens que não amavam as Mulheres” e evita os aspectos processuais mais mundanos da série.
Desta vez, Lisbeth está em fuga depois que um trabalho deu errado e a encontrou no lado ruim do agente da NSA Ed Needham (Lakeith Stanfield) e das autoridades suecas, mas seu verdadeiro adversário é sua própria irmã Camilla Salander (Sylvia Hoeks, de Blade Runner 2049). Os pecados do passado voltam para assombrar Lisbeth e fazem dessa uma batalha particularmente pessoal.
O que diferencia esse – uma adaptação do romance de David Lagercrantz, o primeiro livro da série após a morte do criador Stieg Larsson – dos outros filmes é o que faz da garota homônima a força motriz da história. Esta entrada enfatiza o papel do intrépido repórter investigativo Mikael Blomkvist (Sverrir Gudnason) – que tinha sido o condutor do público na trilogia original. Me permito compará-lo ao que seria a Lois Lane no Superman.
Lisbeth nunca foi uma personagem que convidasse tanto o carinho do público quanto a empatia. Ela sempre manteve outros personagens (e espectadores) no comprimento do braço. Nesta parte, Lisbeth se vê cuidando de uma criança em perigo, uma missão que não a amolece tanto quanto forçá-la a forjar um vínculo com alguém que não é capaz ou não está interessada em machucá-la ou explorá-la física ou emocionalmente. Proteger o jovem August Balder (Christopher Convery) se liga à dor e à culpa que Lisbeth sente por deixar sua irmã Camilla para trás quando criança. E como ela também fez em sua performance vencedora de Emmy em The Crown, Foy se destaca em revelar o estado interior de seu personagem com apenas um olhar ou um pouco de linguagem corporal, escolhas inteligentes dadas como guardadas e poucas palavras de Lisbeth.
Camilla Salander não tem tanto tempo de tela quanto você poderia esperar, mas Hoeks a interpreta com autenticidade ferida e eufemismo gelado. O visual de fogo e gelo de sua personagem é tão gritante quanto a escuridão gótica / punk de Lisbeth. Camilla tem tanto de uma história traumática como sua irmã, com um irmão falando o caminho do vingador implacável e o outro, deixado para trás em um reino de corrupção, tornando-se um criminoso sem remorso. Eu gostaria que houvesse mais tempo gasto explorando a dinâmica entre essas duas irmãs, mas o filme está empenhado em garantir que ele continue se movendo em direção à próxima sequência de suspense.
Como fez com Evil Dead e Don’t Breathe, o diretor Fede Alvarez mais uma vez coloca sua liderança feminina na posição, com Lisbeth sendo baleada, socada, estrangulada, drogada, perseguida e quase “explodida” em vários pontos. Alvarez apresenta uma série de cenas de ação diferentes aqui – uma briga de banheiro, uma perseguição de motocicleta, uma sequência de gato e rato em um aeroporto e uma invasão violenta na casa de Lisbeth – com o destaque sendo o ataque climático na base do vilão.
A melhor sequência do filme, porém, acontece muito cedo e não é uma cena de ação em si, mas sim bastante dramática, que capta a essência de quem Lisbeth Salander é; é um brutal mascarado confronto de vigilantes digno de Batman ou Demolidor, onde ela captura e cumpre a justiça punitiva contra um homem violento e poderoso. A nova aventura essencialmente transformou a protagonista em uma super-heroína.
A Garota na Teia da Aranha é uma aventura cinematográfica mais enxuta para Lisbeth Salander. O filme oferece um inimigo interessante na forma da própria irmã de Lisbeth, Camilla, sua imagem espelhada de certa forma. Embora opte por manter seu foco mais nas cenas de ação e suspense, o filme não deixa a desejar e traz uma personagem feminina tão forte quanto o agente 007.
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