Resenha: O Chamado 3
São poucos os filmes de terror que se sustentam no teste do tempo sem passar para o outro lado da linha tênue que existe entre se manter fiel às suas origens mantendo seu espírito assustador e acabar caindo para o lado galhofa como muitos dos clássicos dos anos 70/80. No entanto, é inegável que esses filmes geraram personagens icônicos para o público, como Jason, Freddy Krueger, o Ghostface de Pânico (pra citar um mais noventista). Seguindo esse caminho, o novo Chamado tenta se firmar na popularidade gerada pela Samara, a fantasma da fita de vídeo. Mas será que ela tem força o bastante pra sustentar um filme?
Neste terceiro filme da franquia, vemos a fita e todas as suas possíveis consequências se tornarem parte de um estudo acadêmico liderado pelo Prof. Gabriel (Johnny Galecki), e a namorada de um de seus alunos, Júlia (Matilda Lutz), que para salvar a vida do namorado, decide assistir ao vídeo, agora digitalizado (é difícil achar VHS). Mas ela acaba por ver uma versão diferente do vídeo, uma com um novo mistério envolvendo o passado de Samara, que precisa ser solucionado antes que seus 7 dias cheguem ao fim.
Infelizmente o filme toma um aspecto bastante superficial. As motivações são vazias e não te prendem o bastante para gerar um mínimo de interesse tanto pelo casal principal que luta pela vida quanto pelo passado da menina amaldiçoada que mata gente. Nem a premissa do estudo da fita vale. Tudo é feito para simplesmente te guiar da cena de um susto para a próxima cena de susto, sempre pontuadas pelos clichês de excessivos efeitos sonoros e a tensa respiração de Matilda Lutz. Aliás, que pulmão ela tem, pois inúmeras cenas eram guiadas simplesmente pelo som dos seus respiros de medo.
O Chamado 3 ainda se perde em sua jornada pelo mistério a ser elucidado e meio que emula o recente ‘O Homem nas Trevas’. Acrescente a isso as soluções pífias e até mesmo preguiçosas para simplesmente levar à cena seguinte e, em seu último ato, para mais filmes da franquia. Talvez a força de Samara tenha se perdido como o VHS que deu lugar ao DVD e em seguida ao Blu-Ray. Mesmo ela mudando de mídia e tentando assumir um perfil mais multi-plataforma, sua força ficou na velha fita magnética.