Resenha: Oito Mulheres e Um Segredo
Estamos no tempo da virada feminina, onde filmes que eram caracterizados pela força masculina hoje ganham uma versão onde elas fazem e acontecem na trama. Não estou aqui para julgar esse movimento do cinema (mas particularmente acho ótimo), estou apenas citando o cenário em que vivemos. Acho até estranho terem demorado tanto para fazer uma versão feminina do clássico filme de ladrões charmosos que ganhou fama no remake com George Clooney, Brad Pitt e grande elenco. E não só por ter um ótimo elenco, Oito Mulheres e Um Segredo (Ocean’s Eight) é bastante divertido.
O diretor Gary Ross (Jogos Vorazes) traz o mesmo charme do filme de Steven Soderbergh mas as mulheres acrescentam bastante à esse clima. E era preciso que elas passassem a mesma noção de estilo que a versão “dos caras”. As comparações surgem a todo o momento, mas ele se permite seguir caminhos diferentes que o seu progenitor. Ele é igual, mas ao mesmo tempo tem a sua própria identidade. A abertura segue os moldes do primeiro filme, onde uma Debbie Ocean (Sandra Bullock) recém sai da cadeia em condicional onde ficou cinco anos armando o golpe perfeito que seria ao mesmo tempo sua vingança e seu assalto do século. O alvo não podia ser mais de acordo, o Baile de Gala Anual do MET.
As próprias piadas de comparação já começam aí, quando Lou (Cate Blanchett) comenta que precisariam de pelo menos 20 pessoas, Debbie responde “apenas 7”. E mais piadas do tipo são vistas ao longo do filme.
O elenco exala simpatia e carisma. Logo nos primeiros minutos percebe-se que Bullock era a escolha mais que perfeita para ser a líder, mas senti que Blanchett poderia ter mais espaço. Quase não dá para vê-la como uma igual à Bullock, como a boa dupla formada por Clooney/Pitt, mas não é algo que coloque o filme em detrimento. Todo o grupo é ótimo, e cada uma tem o seu momento, desde as habilidades hackers de Rihanna até a lábia de Sarah Paulson.
Se no elenco e no ritmo o filme manda muito bem, mesmo com as similaridades com a versão dos homens, tem uma coisa que ele falha: a falta de um antagonista de presença. A falta de uma pessoa que naturalmente faça o público odiar, por mais que o personagem de Richard Armitage tenha sido bem contextualizado, ele não tem o carisma e nem a presença de um Andy Garcia, e no final isso pesa bastante. As reviravoltas embora divertidas não chegam a ser impactantes. Teve uma que infelizmente foi meio que estragada pela divulgação do filme. Pode ser coisa minha, mas preferia ter tido essa revelação no filme.
Mas apesar disso, Oito Mulheres e Um Segredo é um ótimo filme amparado pelo seu bom elenco, bom ritmo e com certeza meu deu vontade de ver mais aventuras dessas mulheres.