Não é de hoje que a sétima arte também se dá o direito de servir como um alerta ao público para a condição do nosso planeta, e como a sustentabilidade para as gerações futuras é importante. Muitas vezes esse aviso se dá de uma forma mais urgente e catastrófica, como em 2012, mas Pequena Grande Vida (Downsizing), novo filme de Alexander Payne (Nebraska), se utiliza da “dramédia” para mostrar que, até mesmo diante de uma possível catástrofe, o ser humano ainda pode não saber o seu lugar no mundo.
O filme apresenta duas condições, a primeira é a dos recursos do mundo que estão com os dias contados. Em ordem de ganhar mais tempo e usar melhor esses recursos, uma drástica solução: um procedimento que encolhe humanos à centímetros de altura. Moradias para “os pequenos” são criadas, onde pessoas que sofriam para pagar as suas contas podem relativamente ter uma vida bastante confortável, ou até mesmo serem milionárias. E é esse aspecto que seduz Paul (Matt Damon), trabalhador comum que vê no Encolhimento a chance de levar a vida que sempre quis. Mas após passar pelo processo, percebe que nem tudo é como gostaria.
A crítica social é evidente e cercada de debates ao longo do filme. O Encolhimento causa uma comoção mundial, que mexe em todas as esferas sócio/politica/econômica, cada humano consumiria menos e densas populações mundias ocupariam um espaço consideravelmente menor, o que é ótimo. Mas também vem o aspecto negativo com o aumento da taxa de desemprego e a desvalorização da moeda. E a própria condição social dos Pequenos. Mesmo com o procedimento, as diferenças sociais ainda existem. A utopia que as moradias são vendidas também caem como ilusão diante da pobreza que não é mostrada e ficamos tão surpreendidos quanto Damon quando olhamos aquilo da primeira vez. Os problemas sociais que vemos hoje, como o consumo excessivo do capitalismo e o risco que imigrantes sofrem para entrar ilegalmente nos países continua, apenas mudou a sua esfera.
Somos conduzidos por tudo isso pelo olhar de Paul, que por muitas vezes chega a ter um ar bastante patético, propositalmente entregue por Damon, o personagem está sem direção e seguindo a maré até encontrar Dusan (Christoph Waltz), seu excêntrico vizinho europeu, e Ngoc Lan Tran (Hong Chau), que começam a dar um pouco de sentido à sua “pequena” vida.
Pequena Grande Vida é uma ótima “dramédia” e crítica social para a nossa condição como seres humanos diante de nós mesmos e do mundo em que vivemos.
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