Resenha: Rocketman
Filmes biográficos não são novidades, mas acho que a maior novidade em Rocketman é o fato do artista em questão, o cantor Elton John, estar vivo. Logo ele pode também opinar no que iríamos ou não ver nas telas, o que deu mais liberdade criativa ao filme. Então, quando ohn e o diretor Dexter Fletcher (que, embora não creditado, assumiu as gravações finais de Bohemian Rhapsody) discutiam sobre o que iria para o filme, fica claro que o pianista não quis botar panos quentes no que iria para o telão. O resultado? Uma fantasia musical ousada que honra a história de John, um filme com “F” maiúsculo.
Apesar dele seguir certos atributos de uma cinebiografia (ele começa no final, volta pro começo e depois retorna ao ponto de onde começou), ele toma liberdades que agregam ao filme. Durante o longa, John (Taron Edgerton) conta a sua história. E o filme mostra como o cantor, embora sempre cercado pela fama, sempre esteve muito sozinho. Mesmo com seus parceiros musicais, em especial Bernie (Jaime Bell), ele sempre esteve em solidão, o que ele deixa claro durante o filme mostrando como foi sua infância conturbada e na canção que dá título ao filme (que aborda a questão da solidão da fama). E se tratando de cinebiografia, Rocketman prefere levar a coisa para um lado muito mais musical, muito mais parecido com Across the Universe, com coreografias e imagens psicodélicas, do que o padrão história-música de Bohemian, ponto mais que positivo para o filme.
As atuações estão impecáveis, é impressionante o nível de entrega deles ao filme, em especial Edgerton, que faz muito com uma caracterização mínima mas eficaz. Há momentos no filme em que Taron parece o próprio John na idade representada. E o ator também revela seus dotes musicais, Já que canta todas as canções do filme. E os outros atores são ótimas escadas para Edgerton, e todos tem relações muito bem mostradas no filme, em especial a amizade entre John/Bernie, é possível sentir o amor e o companherismo de ambos em cada diálogo, assim como a relação complicada de John com a mãe (Bryce Dallas Howard) e com o empresário (Richard Madden). Eu sei que não é legal ficar comparando filmes, mas Rocketman é um filme muito mais corajoso do que Bohemian.
Com uma história cativante e músicas que marcaram uma geração, Rocketman sucede em vários aspectos, respeita a história do cantor e homenageia os fãs. A escolha de um musical não poderia ter sido melhor para o filme. E acho que vai se passar um longo, longo tempo, até que outro filme brilhe como Rocketman faz.