Resenha: Star Wars – O Despertar da Força
No momento em que o título apareceu na tela e começou a tocar a música icônica da trilha do John Williams, finalmente caiu a ficha de que eu estava no cinema pronto para assistir a um novo Star Wars. E o que veio a seguir foi ainda melhor e mais emocionante. A seguir vou enumerar os pontos positivos do filme (e alguns incômodos), mas já adianto que se você é fã da franquia e está na dúvida se vale ou não o seu dinheiro, simplesmente pare de pensar e vá para o cinema, porque Star Wars – O Despertar da Força conseguiu nos levar de volta para aquela Galáxia muito distante.
Com a difícil missão de apresentar Star Wars para uma nova geração e manter os fãs antigos satisfeitos, o diretor J.J. Abrams conseguiu entregar um filme muito divertido, com cenas de tirar o fôlego que aproveitam tudo o que a tecnologia atual permite fazer, além do climão de aventura e bom humor da trilogia clássica [que contém os episódios 4, 5 e 6]. Isso já fica óbvio pela própria estrutura narrativa do filme, que basicamente é uma repetição da estrutura do Episódio 4 com um ou outro elemento do Episódio 5 (cena da ponte que não dá para detalhar por conta de spoilers). A apresentação do vilão mascarado, o prisioneiro, o jovem no deserto, o momento “precisamos de um piloto”… tudo está de volta. Se por um lado, isso pode parecer safadeza do J.J. Abrams, um jeito de apostar no time que está ganhando para agradar os fãs, por outro… quem eu estou querendo enganar, não existe outro lado, é exatamente isso! O diretor, fã declarado da franquia clássica (e que já disse não gostar dos outros três filmes), quis apostar no seguro e isso acabou dando muito certo. A cada cena, uma lembrança é resgatada e o resultado é um só: a alegria (e em alguns casos, lágrimas) de se sentir novamente dentro desse universo. Sensação esta, que, curiosamente, o seu próprio criador, George Lucas, não conseguiu reproduzir nos Episódios 1, 2 e 3.
No entanto, ainda que o passado da saga esteja presente em O Despertar da Força, a proposta de apresentar o universo de Star Wars para a nova geração passava pela inevitável criação de novos personagens. Felizmente, mais uma vez, deu tudo certo. Além da escolha do elenco ter sido muito bem feita, a química entre os personagens principais, Rey (Daisy Ridley) e Finn (John Boyega), ajuda no desenrolar da trama. Enquanto Rey é uma personagem feminina forte e que não precisa ser salva (bem apropriada para os dias de hoje), Finn faz as vezes do herói que não quer ser herói, ainda que na maior parte do filme ele seja um excelente alívio cômico.
Ao lado da dupla circulam outros personagens com grandes chances de ganharem uma base significativa de fãs, mas que ainda precisam de um pouco mais de estrada. O novo vilão, Kylo Ren, tenta ser tão imponente quanto Darth Vader, mas sem entrar em spoilers, ainda tem um caminho para percorrer até chegar a esse nível. Mesmo assim, com o tempo que tem, ele consegue se mostrar um personagem complexo e com um background interessante, algo que faltou ao subaproveitado Darth Maul de A Ameaça Fantasma. Outro que já mostrou ser um sucesso é o pequeno e cativante droid BB-8, que chega para ser o novo R2-D2, ainda que precise salvar o dia mais algumas vezes para igualar os feitos de seu antecessor.
Infelizmente, nem todos tem muito tempo de tela para serem desenvolvidos. A que mais sofreu com isso foi a Capitã Phasma (Gwendoline Christie), que tem um dos visuais mais legais dessa nova geração, e acabou sendo usada como um novo Boba Fett, o caçador de recompensas com visual legal que acabou caindo nas graças dos fãs da trilogia clássica. Fica a torcida para que ela tenha a mesma sorte e siga pelo mesmo caminho.
Falando na trilogia clássica, sim, eles estão lá. Não dá para falar muito sem estragar as surpresas que o filme reserva, mas Han Solo (Harrison Ford), Chewie (Peter Mayhew), Leia (Carrie Fisher), C3-PO (Anthony Daniels) e R2-D2 estão presentes na trama. E o Luke Skywalker (Mark Hamill)? Bom, assista ao filme e você verá.
Além de ter tudo o que um bom blockbuster precisa e da ótima escolha do elenco, outro ponto positivo foi o filme ter conseguido surpreender quem ficou especulando em cima dos trailers. Talvez uma ou outra teoria de fãs tenham se confirmado, mas o diretor J.J. Abrams conseguiu esconder alguns pontos que mereciam permanecer em segredo até o momento do lançamento.
A única crítica que merece ser pontuada é que o Despertar da Força parece ter acontecido num daqueles dias em que você acorda e percebe que perdeu a hora. Tudo é muito corrido. O roteiro coloca muita coisa para acontecer em pouco tempo de história. O resultado disso é que algumas relações são estabelecidas rápido demais, mas por sorte a química e o carisma dos atores fazem isso passar mais tranquilamente.
Ainda que tenha seus problemas, Star Wars – O Despertar da Força se mostrou merecedor de todo o hype gerado antecipadamente. Valeu à pena a espera, e se você é fã da franquia, dificilmente vai se decepcionar. Agora, se você não é fã, e está embarcando nesse trem no meio do caminho, dá para assistir sem ter visto os filmes anteriores. Só vai fazer uma grande falta para entender a história como um todo e para compreender qual a importância dos personagens da trilogia clássica nesse universo. O conselho é: assista aos Episódios 4, 5 e 6 e vá ao cinema. Se tiver tempo, veja os outros (mas só se tiver muito tempo sobrando). E que a Força esteja com você!