A pobre menina rica voltou em “Tô Ryca! 2”, a sequência mantém o mesmo estilo narrativo do primeiro longa de 2015, porém perdeu um pouco o ritmo ficando repetitivo tanto nos temas quanto nas piadas.
Como diria João Grilo, interpretado por Matheus Nachtergaele, em “O Auto da Compadecida” (2000): “É uma agonia, fica rico, fica pobre”. Dessa vez, Selminha (Samantha Schmütz) está riquíssima, paga mais caro em tudo que quer para manter seus luxos e ajudar a sua comunidade de Quintino e amigos. Mas como a alegria de pobre dura pouco, aparece uma homônima que se coloca como a herdeira legítima e os bens de Selminha são congelados. Para ela viver (ou como ela mesma diz “sobreviver”), a justiça concedeu um salário mínimo por mês, ou seja, 30 reais por dia, até o processo se resolver.
Enquanto as atuações estão ainda melhores com a adição de novos personagens, como a Selminha “Fake” e o Gracil (Evelyn Castro e Rafael Portugal, do Porta dos Fundos), o roteiro de Fil Braz continua com algumas falhas. Como no primeiro longa, onde não foi bem explicado a motivação do tio da protagonista para colocar o desafio ao invés de apenas dar a herança. Agora, tais furos se mantiveram, com a aparecimento da suposta herdeira, ela não deveria passar pelo desafio para ganhar o dinheiro como foi com a primeira? Se não era preciso, então toda a motivação do primeiro filme foi por água abaixo.
Também não é explicado como um advogado, nesse caso o da Selminha S.O.S., consegue simplesmente provar com sua palavra quem é a verdadeira proprietária. Se fosse assim, não precisava de tantas audiências, na primeira ele já conseguiria o que queria.
Além disso, um dos pontos fortes na história era a amizade entre Selminha e Luane (Katiuscia Canoro), no primeiro longa ela já tinha quebrado a confiança da amiga e amadurecido em relação ao relacionamento da frentista com Nico (Anderson Di Rizzi) e ao seu próprio relacionamento com o seu namorado Rubens (Marcello Melo Jr). Porém, ela erra novamente sendo implicante e barraqueira, mostrando que de nada adiantou tudo o que ela já passou.
Mesmo com os vários furos, a Samantha Schmütz brilha como Selminha, ela é uma das poucas coisas que faz desse filme uma comédia feliz, conseguindo tirar várias risadas do público. Entre uma cena e outra, um pensamento inevitável é: onde estão seus dois fiscais do primeiro longa, interpretados por Fabiana Karla (“Lucicreide vai à Marte”) e Marcus Majella (“Vai que Cola”). A presença desses personagens teria quebrado totalmente a história, já que eles poderiam depor a favor da S.O.S, como a personagem se esqueceu tão rapidamente deles? Principalmente, entendendo que eles poderiam ser uma das soluções para o problema dela.
Mesmo com todos esses furos, o diretor Pedro Antonio conseguiu trazer um ar de humanidade, quando todos se reúnem para fazer a feijoada da Selminha, e mostrar que mesmo depois de rica ela não esqueceu das suas origens.
E a direção musical de Gustavo Garbato e Guilherme Garbato que conseguiu trazer a dupla sertaneja Maiara e Maraisa para cantar no final. Assim, reforçando a trilha sonora do filme que contou com músicas brasileiras que ficaram na boca do povo nos últimos anos.
Nesse filme, podemos ver quebrar a mensagem do primeiro, “O dinheiro corrompe baseando-se também na ideia de que a honestidade é intrínseca aos mais pobres.”, como descreveu Francisco Russo em sua crítica para o site Adorocinema (2015), pois aqui quem se corrompe é outra pobre, que também é enganada. Situação que reforça o ditado “o crime não compensa”, já que a Selminha “Fake” age como se essa traição na verdade fosse um castigo de Deus pelo seu crime.
A comédia estreia dia 3 de fevereiro nos cinemas de todo Brasil e conta com produção da Glaz, coprodução Globo Filmes e Paramount Pictures Brasil, apoio Investimage e Telecine e distribuição Downtown Filmes.
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