Resenha: X-Men – Fênix Negra
A Fox deixou de entender a temática principal dos mutantes que faz tanto sucesso nas hqs, que era mostrar um grupo que luta e protege um mundo que os odeia, para criar aventuras genéricas e sem coração, tendo apenas a idéia central de uma determinada história como plot, mas com momentos inspirados. Foi assim com a criativa idéia de unir o elenco original com o novo elenco em Dias de um Futuro Esquecido e com o péssimo Apocalypse. Mas para o bem ou para o mal, a era Fox dos mutantes chega ao seu fim com o estúdio revisitando uma das histórias mais famosas dos heróis. Eu digo revisitando pois parecia que a Fox precisava corrigir o tratamento dado à Fênix Negra no esquecível X-Men 3. E mesmo mantendo erros crassos dos filmes anteriores, o último X-Men consegue ser minimamente assistível, o que já é mais que os últimos.
No filme finalmente os X-Men atingiram um status de heróis, não são mais temidos pela humanidade. O mundo ama os seus heróis de uniforme combinando e poderes extravagantes, até mesmo com o grupo atuando em serviço da nação, quando requisitada. E foi com esse pedido que os heróis foram resgatar um grupo de astronautas no espaço, mas durante o resgate Jean Grey (Sophie Turner) é atingida por uma explosão solar que, ao invés de matá-la, a torna mais poderosa. Mas ao mesmo tempo também a torna extremamente instável e errática, o que força seus companheiros a se unirem para detê-la antes que ela acabe destruindo tudo aquilo que Xavier (James McAvoy) lutou para construir.
Mesmo com a boa vontade do diretor de primeira viagem Simon Kimberg (que sempre roteirizou os filmes anteriores), Fênix Negra é um filme fraco com cenas bem dirigidas. Ele não aproveita nada da fonte original, o que por si só renderia uma ótima história. Na chance de vermos como de fato o grupo é afetado por ter que enfrentar um de seus integrantes mais queridos e vê-la se transformar em um agente da destruição, o filme preza pela simplicidade do vitimismo. Falta um vilão, pois Jessica Chastain não faz absolutamente nada. Sua presença é simplesmente uma desculpa para não vermos Jean Grey como a vilã que ela deveria ser, e ter um embate final contra um inimigo comum no último ato. Pelo menos nisso, X-Men 3 tem mais coragem (mesmo que igualmente mal feito).
Com essa trama confusa e com a inclusão de um segundo vilão, sobra pouco para desenvolvimento de personagem, com exceção de Jean, que se torna a justificativa de seu comportamento. Do antigo trio que liderava a esse reboot, McAvoy, Michael Fassbender e Jennifer Lawrence, parece que só voltaram para se despedir da franquia, apesar de vermos momentos interessantes. Lawrence tem uma fala ótima envolvendo o nome do time, mas só. Até a maquiagem dela como Mística está preguiçosa. McAvoy demonstra lances de um Xavier cego pelo brilho da ribalta que tanto lutou para conquistar, uma característica que o personagem adotou às vezes no quadrinho. E sua interação com Fassbender continua rendendo bons momentos, pena tivemos tão poucos momentos dos dois no filme. Do elenco jovem ninguém se destaca positivamente, mas não por suas atuações, mas sim pelo fraco roteiro que não lhes dá espaço ou os fazem mudar de pensamento repentinamente. Em especial o péssimo tratamento dado a personagens tão importantes nos quadrinhos como Cíclope (Tye Sheridan) e Tempestade (Alexandra Shipp).
Por fim, Fênix Negra não apaga a péssima impressão deixada pela Fox de como ela simplesmente não sabia e não entendia mais como trabalhar com o grupo e nem com os diversos personagens mutantes que os direitos autorais que tinha lhes permitia. Uma despedida bem agridoce, pois por ser a franquia que começou os filmes de super-heróis lá em 2000, merecia um tratamento bem mais respeitável. Fica a esperança de que os heróis tenham o descanso que precisam para que seu retorno ao cinema possa ser com o respeito que os personagem merecem.