Robin: como tornar o herói novamente relevante nos cinemas

Robin: como tornar o herói novamente relevante nos cinemas

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Começo do mês o ator Tanner Buchannan (o Robby Keene da série Cobra Kai, que também esteve no recente filme da Netflix “Ele é Demais”), revelou em um podcast que adoraria ser o Robin ao lado do Batman de Robert Pattinson. Além de ser muito fã de Pattinson, Tanner também revela que é muito fã do personagem, com quem cresceu assistindo à antiga animação dos jovens Titãs (disponível na HBO Max).

Quem me conhece (ou ao menos participa do nosso grupo do Telegram) sabe o quanto eu também sou fã do Robin. Lendo essa entrevista, eu percebi como faz tempo que o herói não tem a oportunidade de ganhar as telonas. Para ser mais exato, em 2022 (ano em que iremos ver um novo Batman no cinema) farão exatos 25 anos em que o principal parceiro de herói das histórias em quadrinhos foi visto no cinema. Sua última participação foi no pavoroso (pra dizer o mínimo) Batman & Robin, com Chris O’Donnell interpretando o vigilante.

Batman possui um incrível potencial cinematográfico. Não é a toa que a Warner dificilmente permite o uso do personagem em séries, mas Robin possui quase o mesmo potencial e sempre foi delegado ao segundo lugar, ou a completa inexistência. O máximo que chegamos de ver o personagem recentemente foi aquela rápida revelação no final de “O Cavaleiro das Trevas Ressurge” (por sinal, péssima). Criadores e diretores alegam que uma criança com vestes coloridas tiraria o aspecto sombrio do morcego.

Aproveitando que teremos um novo filme, para toda uma nova geração de fãs, por que não dar uma nova chance ao Robin e reintroduzi-lo a esse novo público? Por que não dar essa nova chance à dupla dinâmica?

Potencial do personagem

Robin é tão velho quanto seu mentor. Sua primeira aparição nas hqs foi em 1940. Na época, começava a surgir uma grande preocupação com o teor pesado que as histórias do Batman estavam tomando. A solução foi fazer histórias com um apelo maior ao público jovem, e para isso surgiu o menino-prodígio. Crianças que liam as histórias sabiam que não poderiam ser o Batman, mas poderiam ser o Robin e ter grandes aventuras como o parceiro do herói.

Mas a ideia de ter uma criança de sunguinha e sapatos de duende pulando telhados com um homem adulto não agradou os fãs mais velhos. A série dos anos 60, embora um marco na história do Batman, não ajudou muito em relação ao tratamento dado aos dois. Muitas vezes tratados com inúmeras conotações sexuais.

Com a evolução das histórias ao longo dos anos, muitos autores e desenhistas criaram arcos com bastante dinâmica entre a dupla. Muitas vezes, pontuando por que Batman precisa do Robin, um parceiro mirim, ao seu lado. Se Batman é a escuridão, Robin é, em muitas ocasiões, a âncora que não permite que o herói se afogue nas trevas que enfrenta diariamente.

Mas imaginem que, o principal motivo de Bruce Wayne se tornar esse sofrido herói é evitar que o que aconteceu com ele quando criança se repetisse com qualquer outra pessoa. Com Dick Grayson, ele falhou. Ao assumir a criação do jovem, Bruce tem a chance de ajudar alguém que passou pelo mesmo evento traumatizante que ele. Além de dar a Bruce a chance de viver além do trauma da morte dos pais e seguir em frente, para formar sua própria família e ter alguém ao seu lado.

Ter um Robin nos cinemas é uma parte importante da jornada do Batman, com um potencial para um drama incrível desse cara bilionário e solitário que precisa se reinventar para criar uma criança traumatizada. Uma pena não ver isso nos cinemas.

Os desafios de ter o Robin nos cinemas

Embora eu adoraria ver meu herói preferido nas telonas, eu entendo que tenham alguns problemas para adaptá-lo. Existe uma linha muito tênue entre acertar com o personagem e torná-lo bobo. Vamos lembrar que, mesmo com a O’Donnell fazendo o herói nos anos 90 e a recente série dos Titãs, quando se fala em “Robin”, a memória de muitos fãs ainda remetem à clássica série camp dos anos 60 e “santa dificuldade, Batman!”.

Robin é uma importante parte do mundo do Batman, mas para que ele funcione bem nas telonas é complicado. E vou mostrar as duas principais:

Idade

Imaginem fazer uma criança ser adotada por um bilionário para passar por um árduo treinamento e depois vestir uma fantasia para enfrentar o crime nas noites de Gotham? É caso para abuso de menor, no mínimo.

Uma solução para isso seria torná-lo mais velho, como em Batman Eternamente, mas aí toda a coisa de adotá-lo perde o sentido. Por que Bruce Wayne o adotaria então?

O tom da história

Esse também é bastante problemático. Vimos o que o tom dos filmes do Schumacher fez a toda saga do Batman. Um Robin em um mundo mais realista como o de Christopher Nolan não funciona, por isso a escolha do diretor em utilizar o personagem John Blake, que funciona como uma homenagem ao mythos do Robin (ele é policial como uma fase do Dick Grayson nas HQs, órfão como Dick e Jason Todd e descobre sozinho a identidade do Batman, como Tim Drake).

Utiliza-lo no Snyderverso também é um problema, já que o personagem foi retratado com um mártir morto pelo Coringa, em um mundo muito baseado em “O Cavaleiro das Trevas”, de Frank Miller. E o tom do novo filme de Matt Reeves mostra que será algo mais puxado para o lado do Nolan do que para o de Snyder.

Como resolver isso? O ponto positivo é que o tom dos filmes de Reeves parece muito mais quadrinho, então é possível inserir o personagem sem que ele deixe o filme desbalanceado. Se bem utilizado, Robin pode ser o gás para dar um novo ar aos filmes do Batman e levar o herói para uma nova direção narrativa.

Qual Robin seria o melhor para os novos filmes?

Uma vantagem do personagem é que já houveram vários Robins nos quadrinhos. Cada um com uma personalidade e aspectos únicos que podem agregar à uma boa história. Caso Reeves não queira remeter seus filmes à memória do Robin das séries dos anos 60, ele pode usar o fã Tim Drake ou o mais atual, Damian Wayne. Pode até mesmo ser uma mulher, como Stephanie Brown ou Carrie Kelley. Escolhas menos tradicionais, mas que podem render ótimas histórias.

Até mesmo usar um Robin negro, como Duke Thomas, mais de acordo com os quadrinhos atuais do Batman. Mas lembrando que a ideia de um Robin negro não é a primeira vez, já que Tim Burton quase escalou Marlon Wayans (As Branquelas) para ser o herói mirim em “Batman: O Retorno”.

Os rumores apontam que os novos filmes estrelados por Pattinson seriam uma trilogia. Se isso se confirmar, introduzir Robin pode ser uma forma ter um personagem com um arco próprio, independente, passando pelos filmes para se tornar algo próprio. Como Dick crescendo para se tornar Asa Noturna.

Enquanto só podemos especular, vamos esperar que essa nova versão de Matt Reeves reintroduza o personagem de forma interessante e sagaz.

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