Na mitologia grega, um dos males que a caixa de pandora trazia era a esperança. No conceito da história, ela seria um mal à humanidade naquele mundo de mazelas, porque impediria as pessoas de agirem, esperando por algo melhorar, ficando presas às suas amarras. E durante um período o universo cinemático da DC/Warner beirou esta ” esperança ruim”.
Com a repercussão dividida dos demais filmes deste universo, era hora de agir diferente: começar do zero, consertar coisas, refazer, repensar. E o estúdio soube recomeçar, o que é o grande trunfo desse mundo de heróis. Agora, parece que temos um caminho iluminado pelo excelente “Mulher-Maravilha” e que fortalece o rumo agora, em “Liga da Justiça”. O novo longa do estúdio faz finalmente a esperança que é boa surgir e dar cara e forma para o universo de heróis que parecia perdido.
Neste filme, vemos um mundo após os eventos de “Batman v Superman” (2015). Com Superman morto, novas ameaças aparecem na Terra, representadas numa Metrópolis que parece ter perdido a esperança. Nesse universo, vemos um Batman (Ben Affleck, de “A Lei da Noite”) caçando seres bizarros que invadiram as cidades – os parademônios. Estes seres trazem consigo um mistério sobre as “caixas maternas” (motherboxes), artefatos de tempos antigos que não contém poder… elas são o próprio poder. Existem três delas, e foram distribuídas no nosso plano, no mundo das amazonas de Temiscyra e, a última, em Atlântida.
Com este poder à volta, o Batman/Bruce Wayne de Affleck tenta unir os heróis: Aquaman (Jason Momoa, de “Amores Canibais”), Mulher-Maravilha (Gal Gadot, de “Velozes & Furiosos 5”), Flash (Erza Miller, de “Animais Fantásticos”) e Victor Stone/Ciborgue (Ray Fisher). Juntos, eles tentam conter os parademônios e a razão pelo qual apareceram na Terra: o vilão Lobo da Estepe (Ciarín Hinds, de “Silêncio”). O ser de outro planeta deseja unir as caixas-mãe, e combinar seu poder para trasnformar este mundo no seu (Apokolips) e retomar uma glória que foi impedida de ter no passado.
A trama é extremamente direta e simples, e este é um elogio para “Liga da Justiça”. Ao contrário de seus predecessores “Homem de Aço” (2012) e “Batman v Superman”, este filme NÃO tenta ser faraônico. A chegada de um roteirista com experiência em ligar pontas como Joss Whedon (que veio de “Vingadores, da Marvel“) ajudou e muito o filme a não cair na tentação de ser grandioso mas vazio, como aconteceu antes. A direção de Zack Snyder (“300”) está ali e é merecidamente creditada, mas é latente a importância que se teve em refilmar a obra, ajustar pontas e encurtá-lo ( o filme é o de menor duração do DCverso, com 2h01 min). Parece um acerto deixá-lo aparentemente simples, mas exatamente direto e na medida para explicar o que precisa e seguir. Com tamanho e características bem delineadas, a trama flui e é facilmente comprada pelo espectador, já que agora o filme é leve e facilmente assistido mais de uma vez.
Os atores foram bem apresentados e entregaram bem seus personagens: O Batman de Ben Affleck, embora parte de algumas das piadas do filme, funciona pela liderança e sarcasmo; Os sisudos Aquaman e Ciborgue Ray Fisher e Jason Momoa caem bem no filme (com destaque para o primeiro) e o alívio cômico caiu nas mãos do Flash de Erza Miller, que faz as piadas mais inocentes, mas que não estragam o clima. A Mulher-Maravilha de Gal Gadot continua exemplar, com ótimas cenas e com uma sinergia boa com os personagens, embora suas cenas de sejam praticamente as mesmas que já vimos em seu filme solo.
O ponto negativo do filme é seu vilão. Embora com alguma loucura bem demonstrada no fim, o Lobo da Estepe causa incômodos por parecer mal-acabado na computação gráfica. Fora a estranheza que causa, não é difícil de encontrar espectadores que não tiveram medo do antagonista, por parecer o tempo todo que aquele ser não passaria de um “preparo”, um “esquenta” de algo maior que ainda virá – no caso da DC, o terrível Darkseid. Em compensação, no roteiro do filme ele é totalmente sensato, e para o momento da trama faz sentido – visto que o primeiro objetivo era unir a liga, como aparecia sempre nas campanhas de marketing da obra.
Por fim, temos o retorno (ou nascimento?) do Superman (Henry Cavill, de “Missão: Impossível 6”). Criticado como um “Superman que não sorria”, a volta de Cavill (que não é spoiler, estava apresentada em trailers e imagens) nos faz primeiro temer e depois aceitar, de fato, que ele é o tão falado Farol de esperança do universo DC.
No fim, “Liga da Justiça” aparece como um filme bom: não como o melhor filme do mundo, mas como um filme coeso. Só este detalhe já faz renascer a esperança no Universo de heróis – o que, na alma, sempre deveria ter sido o mundo da DC Comics.
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