O longa ainda não está disponível para o Brasil, porque na verdade trata-se de uma produção independente que teve o seu direito de exibição comprado pela empresa em alguns países, como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Espanha, Austrália, Alemanha, França e Cingapura.
Aqui no Brasil, a exibição foi comprada pela distribuidora Diamond filmes, e estreia nos cinemas no dia 15 de fevereiro. Só após a primeira janela de exibição é que o longa irá para a Netflix.
Dirigido por Dee Ree, Mudbound – Lágrimas sobre o Mississipi é uma adaptação do livro homônimo de Hillary Jordan, lançado em 2008. O drama se passa no Estado de Mississipi durante e após a Segunda Guerra Mundial. Ele conta a história de duas famílias, os McAllan e os Jacksons – brancos e negros, respectivamente. A primeira é formada por Henry McAllan (Jason Clarke, de “Planeta dos Macacos”), Laura (Carey Mulligan, de “As Sufragistas”), as duas filhas do casal e Pappy (Jonathan Banks, de “Breaking Bad”), pai de Henry.
Eles são donos de uma fazenda de algodão, e a responsabilidade pelo cultivo da terra é da família de Hap Jackson (Rob Morgan). Ele conta com a ajuda de sua esposa, Florence (Mary J. Blige) e dos filhos. Seu filho mais velho, Ronsel (Jason Mitchell, de “Straight Outta Compton”) é convocado para a Guerra, assim como o irmão mais novo de Henry, Jamie (Garrett Hedlund, de ‘Tron: O Legado’). A expectativa pelo retorno de um parente da Guerra é a única semelhança entre as famílias.
O Mississipi é um estado que ficou marcado por várias manifestações de racismo ao longo da história. Esse fato é retratado no filme, principalmente no comportamento do personagem Papa. Ele é um velho, provavelmente de uma geração recém-saída da época da escravidão, e não poupa seus comentários agressivos e preconceituosos.
Henry é um pouco mais receptivo à presença dos negros, mas também tem um comportamento abusivo e racista. Laura é a única da família que trata os empregados com dignidade. Ela sente-se solitária e está imersa em sua infelicidade por morar na fazenda e considerar o marido indiferente e fracassado.
Em determinado momento da história, as duas famílias são ligadas por uma amizade improvável. A partir daí, a tensão começa a surgir no Mississipi, fazendo com que uma tragédia torne-se cada vez mais iminente.
Uma característica muito interessante do filme é que ele é narrado por todos os personagens principais: Henry, Laura, Hap, Florence, Ronsel e Jamie. Por exemplo, na cena em que Ronsel se despede da família para ir à Guerra, é possível saber exatamente o que ele e sua mãe estavam pensando no momento. Esse recurso ajuda a entender melhor o histórico de cada personagem e seus comportamentos na história.
A fotografia, responsável por uma das indicações ao Oscar, é belíssima. A diretora Rachel Morrison (também de “Cake“ e “Fruitvalle Station”) é a primeira mulher indicada ao Oscar nessa categoria. Na maior parte do tempo é usada a luz natural, e as cenas dentro das casas e nos seus arredores conseguem passar o aspecto de sujeira e mau cheiro, uma das maiores reclamações de Laura.
Inclusive, a lama que aparece em vários momentos tem alguns significados. Ela representa o impedimento de Rap na conquista da sua própria terra, pois a chuva intensa atrasava a colheita, a sua produtividade, e, consequentemente, seu pagamento. Essa sujeira também retrata um período da história marcado pelo ódio, ignorância, preconceito e brutalidade. Uma curiosidade: na fazenda escolhida para gravação, choveu intensamente durante 5 dias antes das filmagens, tornando a lama real.
Outro ponto interessante mostrado no filme é como a Guerra foi uma experiência diferente para brancos e negros americanos. Em uma das falas mais fortes de Ronsel, ele diz que na Europa o preconceito não era tão grande, o que fazia com que ele se sentisse melhor na Guerra do que na sua própria cidade. Também vale destacar a ótima atuação de Jonathan Banks, que valeria uma indicação de melhor ator coadjuvante.
Mudbound – Lágrimas sobre o Mississippi traz um retrato fiel do período pós-Segunda Guerra Mundial. O filme mostra que, apesar de heróis, os negros que defenderam o país continuaram sofrendo humilhações e abusos durante muitos anos. Fica a reflexão sobre o quanto os EUA evoluíram até hoje em relação às questões raciais.
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