O Rastro – Suspense e terror de qualidade
Quando se fala em filme nacional logo se pensa nas comédias pastelão que arrastam milhares de pessoas para as salas de cinema. Com isso, o investimento passa a ser só para esse tipo de produção, deixando de lado muitos ótimos filmes de gêneros diferentes por medo de não terem um público tão grande. “O Rastro” pode ser a grande exceção desse cenário.
O longa conta a história de João (Rafael Cardoso, de “O Tempo e o Vento”), que é o médico escolhido para coordenar a remoção de pacientes de um antigo hospital prestes a ser desativado. Na noite da transferência, uma menina de 10 anos desaparece sem deixar vestígios. Quanto mais João se aproxima da verdade, mais ele mergulha em um universo obscuro, que nunca deveria ser revelado.
Produzido pela Lupa Filmes, a mesma de ‘Mato Sem Cachorro” (2013), o longa levou 8 anos para ficar pronto. Dirigido por J C Feyer, o filme é um “terror tropical”, com uma história totalmente brasileira, trazendo uma crítica social ao abordar sobre a saúde pública no Rio de Janeiro e dentro desse cenário é desenvolvida a trama. Com referências a grandes clássicos do gênero como “O Iluminado” e “O Chamado” temos aqui um terror psicológico muito bem montado, com uma história que chama a atenção do telespectador. A fotografia mais fria e a trilha sonora dão o toque necessário para causar aquela sensação de medo típica dos filmes de terror.
Um ponto negativo do longa talvez seja o excesso de clichês e recursos para assustar quem está assistindo. Muitos zoons em rostos assustados e música alta e gritos a todo momento que poderiam ter sido inseridos em menor quantidade, não diminuindo a qualidade.
Os protagonistas Rafael Cardoso e Leandra Leal (que estará em “Bingo: O Rei das Manhãs“) estão muito bem em seus personagens, passando todo o drama necessário para que possamos nos importar com eles.
O terceiro ato nos traz uma reviravolta talvez já anunciada, mas que mesmo assim encerra o filme com um final aberto, fazendo com o público tenha suas teorias sobre o desfecho.
“O Rastro” ainda não é o filme definitivo de suspense/terror que o cinema nacional precisa, mas com certeza é um ótimo começo para para que o gênero cresça cada vez mais e tenhamos mais produções de outros gêneros no Brasil.
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