Tully – Um retrato comovente da solidão na maternidade
Maio é o mês em que comemoramos o Dia das Mães. São incontáveis os filmes que retratam os desafios da maternidade, com certeza você se lembra de algum (ou alguns) que, por algum motivo, ficaram marcados em sua memória.
Diante desse contexto, o filme “Tully” chega para concorrer como um dos melhores filmes sobre o tema. Ele é mais uma parceria do diretor Jason Reitman e da roteirista Diablo Cody, realizadores de “Juno” e “Jovens Adultos”.
Tully conta a história de Marlo (Charlize Theron), uma mãe de três filhos pequenos – um deles recém-nascido. Ela está exausta com a rotina de mãe e dona de casa e não conta muito com a ajuda do marido, Drew (Ron Livingston). O irmão de Marlo, Craig (Mark Duplass), vendo a situação da irmã, se propõe a pagar uma babá noturna para cuidar do bebê. Após relutar um pouco sobre a ideia, ela aceita a ajuda. A partir daí, somos apresentados à Tully (Mackenzie Davis), uma jovem bastante peculiar.
Além de cuidar do bebê, ela passa a ajudar Marlo com tarefas de casa e com outras questões. As duas tornam-se grandes amigas, uma amizade que faz essa mãe exausta recuperar a energia e a autoestima.
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A jornada de uma mãe
Lendo a sinopse, o filme até parece aquelas histórias bobinhas de sessão da tarde, mas esse drama consegue ir muito mais fundo ao abordar o que é a maternidade.
A personagem Marlo representa todas as mães que, na maioria dos casos, se deixam de lado para cuidar da família. Infelizmente, essa é uma situação comum, que já foi retratada em vários filmes, mas nessa história esse “sufocamento” tem uma consequência bastante improvável, o que traz um grande plot twist nos minutos finais.
Charlize Theron está ótima no papel. A atriz precisou engordar 22 quilos para dar vida a uma mãe que acabou de dar à luz. Além da caracterização, sua atuação também se destaca – ela consegue transmitir com o olhar o cansaço da personagem. É possível até esquecer que aquela mulher tão comum é considerada uma das atrizes mais bonitas do mundo. Mackenzie Davis também faz um bom trabalho e não deixa a desejar na parceria com Charlize Theron.
O filme mistura muito bem momentos de humor com reflexões sobre as dificuldades daquela situação. Jason Reitman e Diablo Cody conseguem retratar todos os questionamentos de uma mãe, seus arrependimentos, alegrias e como ela se enxerga como mulher.
Os diálogos entre Tully e Marlo têm um significado especial na história, e só após o término do filme conseguimos perceber todo o cuidado de Diablo Cody ao criar a relação entre as personagens. Por esse motivo, seria legal que a babá fosse apresentada um pouco antes – o roteiro se estende muito até esse primeiro contato.
Apesar disso, o filme consegue cumprir muito bem sua proposta, com uma história que aborda um tema “clichê” de forma bastante criativa. Que toda mãe é igual, a gente sabe, mas “Tully” lembra que dentro de cada uma delas existem outras mulheres, que podem ser bem diferentes.
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