Lovecraft é um dos meus autores favoritos. Quando eu penso na literatura de horror, sempre coloco ele como um dos escritores que mais conseguem nos colocar medo. Entretanto, o preconceito e a xenofobia que é gritante dentro das suas obras sempre foi uma preocupação e algo que eu sempre via como um grande problema.
Esse tema foi assunto de um texto meu na coluna do Necronomiconversa, onde falo sobre a ideia do “cancelamento do Lovecraft“.
Desde que eu soube da série “Território Lovecraft (Lovecraft Country)” e de que a ideia seria colocar como ponto central da história o preconceito e as questões raciais misturando com o horror cósmico que tanto conhecemos da obra, eu fiquei muito animado.
Ainda mais quando pensamos nos muitos preconceitos que existem na figura e na literatura Lovecraftiana.
A série é baseada no livro de mesmo nome do autor Matt Ruff e conta a história de Atticus Freeman (Jonathan Majors) que volta para a casa depois da guerra para tentar encontrar seu pai que está desaparecido.
Quando ele parte de carro em busca do pai junto com seu tio George Freeman (Courtney B. Vance) e uma amiga do colégio, Letitia Lewis (Jurnee Smollett-Bell) eles acabam enfrentando muitos desafios, até maiores do que os proporcionados pelo horror cósmico.
A primeira cena da série já nos mostra exatamente o que vamos ver durante o restante do primeiro episódio, e provavelmente também nos dá o tom do restante da série.
Somos colocados dentro de um sonho de Atticus e nele vemos uma guerra contra diversas criaturas cósmicas. Sonho esse com uma estética bem lovecraftiana, com as cores que imaginamos e criaturas que estamos acostumados de ler na obra. Vale lembrar que a manifestação em sonhos também é algo comum nos livros do horror cósmico e do Lovecraft.
Além da questão das criaturas, essa primeira cena também nos apresenta as discussões relacionadas ao racismo e preconceito. Vemos os personagens negros sentados no final do ônibus onde vemos uma placa de que aqueles eram os lugares reservados para pessoas de cor, prática muito comum em lugares públicos e privados nos EUA durante o período de segregação racial que o país passou.
Durante todo o primeiro episódio vemos que o verdadeiro horror não é aquele que nos é proporcionado pelas criaturas e pelo horror cósmico, mas das situações de preconceito e racismo ao qual os personagens vão passando durante todo o episódio.
Essas cenas são carregadas de suspense e horror nos deixando completamente ansiosos e desconfortáveis, mais ainda do que com qualquer criatura que apareça durante o episódio.
O horror sempre foi um gênero que discute muito bem temas sociais, que trata muito bem das questões políticas. Em “Território Lovecraft” vemos que o verdadeiro horror não é o cósmico, o sobrenatural, ou aquele normalmente chamado na literatura lovecraftiana como “inenarrável”. Mas sim aquele que pessoas reais passam durante a sua vida.
As primeiras impressões sobre a série são as melhores possíveis e eu não vejo a hora de assistir os próximos episódios.
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