Primeiras Impressões: Touch
Vou começar dizendo que assisti a Touch com muito cuidado porque tenho um enorme trauma em relação à Tim Kring, o criador da série. A causa disso tem nome e todos vocês devem saber, mas vou dizer assim mesmo: HEROES, uma série que começou de modo tão legal, com todo aquele lance de super-herói sem ser propriamente uma série de heróis, mas cuja qualidade caiu desde o fim da primeira temporada até o seu inevitável fim, na quarta. Mas mesmo assim, tentei me livrar desses preconceitos e assistir ao retorno de Jack Bauer… quero dizer, Kiefer Sutherland à TV. E já vou dizendo que gostei muito do que vi.
Em Touch, Kring mostra que de algum modo tudo e todos estamos conectados neste mundo e somente umas poucas pessoas podem ver tais padrões e conexões. Essas conexões são mostradas através de Jake Bohm (David Mazouz), um menino autista de 11 anos. É muito legal como Kring usa o menino que não pode falar para ser o fio condutor da história. Por outro lado, temos Martin Bohm (Kiefer Sutherland), o pai de Jake, que perdeu a esposa no 11/9 e não passa por uma fase legal, e que por mais que tente, não consegue se conectar com o filho e tampouco compreende o dom que o filho tem, sendo até visitado pela assistente social Clea Hopkins (Gugu Mbatha-Raw) para avaliar o bem estar do menino. Então, Martin decide tentar entender o lance que o filho tem com os números e com a ajuda do professor Arthur Dewitt (Danny Glover, velhinho…) compreende as mensagens que seu filho está deixando pra ele.
Enquanto isso, outros eventos ao redor do mundo aparentemente aleatórios se mostram conectados e de modo bem… tocante (é, eu sei, não foi de propósito), especialmente o drama do londrino que quer recuperar as fotos da filha. Tudo isso é mostrado através de um celular que roda o mundo. Aquele celular acaba virando um tipo de “concha de retalhos”, onde cada pessoa deixa sua marca nele e o passa adiante. Kiefer Sutherland já desligou o Jack Bauer e aqui você o vê com outros olhos. Ele não tem mais nada do agente que caça todos pra proteger a segurança nacional, e é simplesmente um pai viúvo que, além de mal conseguir cuidar do filho, ainda se mostra extremamente afetado pela trágica morte da esposa, dando muita credibilidade ao personagem.
Assim, Tim Kring cria Touch como se fosse aquela mensagem do tipo “você não está sozinho no mundo, não importa o quanto você acha que está” e Francis Lawrence, diretor de Constantine e Eu sou a Lenda, conduz muito bem esse “grande abraço mundial” nesse episódio piloto. Embora, pra mim, essa ideia funcionasse melhor num filme, confesso que estou curioso pra ver o desenrolar desses 13 episódios da primeira temporada. A série vai ser exibida por aqui no canal Fox, mas ainda não tem data pra estrear.