Resenha: Gilmore Girls – Um Ano para Recordar
Quase dez anos se foram desde que deixamos a pacata Stars Hollow, seus habitantes, suas esquinas, tudo que deu sucesso e rendeu às meninas Gilmore 7 anos de televisão. Eis que a Netflix, em seu habitual esquema de trazer para sua grade as séries que não só fizeram sucesso em sua época mas que marcaram todo um público e deixou órfão uma legião de fãs, as traz de volta e convida o espectador a recordar de tudo que uma vez apreciou. E sim, a palavra de ordem aqui é recordar.
Durante um ano das suas vidas vemos como Lorelai (Lauren Graham), Rory (Alexis Bledel) e Emily (Kelly Bishop) seguiram com suas vidas desde que as vimos pela última vez. E se achávamos que elas estavam curtindo um final feliz, não poderíamos estar mais enganados. A vida seguiu com seus altos e baixos, e Lorelai tem que lidar com as dificuldades de tocar a sua pousada e ainda seu relacionamento com Luke (Scott Patterson), Rory desempregada tentando constituir uma carreira sólida e Emily lidando com a recente solidão e a perda de seu marido, Richard (Edward Hermann, falecido em 2014).
A escolha da narrativa é interessante, ao invés dos habituais 13 episódios de uma série, aqui temos 4 de 90 minutos, o que caiu muito bem com a proposta desse retorno. Graças aos habituais diálogos acelerados e exagerados, e com bastante referências à cultura pop (de Batman V Superman e filmes Marvel à Game of Thrones) os episódios tornam-se muito leves e divertidos de se assistir (com exceção do episódio “Verão”, que é bastante cansativo), e com arcos bastante interessantes (em especial o de Emily, o melhor arco pra mim).
Outro ponto positivo da série foi trazer todo o elenco que fez da série o que ela se tornou, desde os cidadãos de Stars Hollow até o violeiro da esquina, as amigas Lane (Keiko Agena) e Paris (Liza Weil, com a melhor atuação na série) , os namorados de Rory, Jesse (Milo Ventimiglia), Dean (Jared Padalecki), Logan (Matt Czuchry), todos voltam não só para que ajudem a desenvolver às personagens principais, mas para que o espectador saiba como esses 10 anos passaram para eles, e isso o roteiro de Amy Sherman-Palladino (que dirigiu 2 dos 4 episódios) cumpre muito bem. Até mesmo a rápida ponta de Sookie (Melissa McCarthy, a atriz que despontou do elenco) é muito bem vinda.
Mas se a proposta era uma minissérie fechada, o final de Lorelai e Rory vai na contramão e deixa inúmeras perguntas e curiosidades; Não achei um ponto falho, mas definitivamente me incomodou. Preferia que fosse algo mais fechado em si para que apenas pudéssemos recordar como era ver aqueles personagens e saber de suas vidas. Ao deixar pontas soltas, fica essa impressão de que se iremos ou não voltar a revê-las. Mas ainda assim, Gilmore Girls cumpre o que promete com uma gostosa nostalgia e, apesar do que disse acima, quero muito poder rever e estar em companhia de irresistíveis personagens.