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Resenha: Narcos

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É inegável a qualidade técnica e a liberdade que a Netflix dá aos criadores das suas séries originais, e a cada produção, seja comédia ou drama, o canal de streaming se firma como um novo expoente para aqueles que querem se livrar das amarras de censuras da TV aberta e até mesmo a de assinatura. Fora da Netflix, acho que seria difícil (mas não impossível) que Chris Brancato, Carlo Bernard, Doug Miro, Paul Eckstein e o brasileiro José Padilha conseguissem contar essa história.

Narcos mostra as crônicas de um mundo de drogas. Pablo Escobar (Wagner Moura) é um narcotraficante colombiano que durante as décadas de 70 e 80 dominou o tráfico e a exportação de cocaína para os EUA, o que levou o país do Tio Sam a fazer de tudo para prendê-lo. Em 10 episódios, todos narrados pelo agente Steve Murphy (Boyd Holbrook), a série mostra toda a política que foi necessária para as tentativas de trazer o senhor da droga à justiça, enquanto o próprio Escobar, além de lidar com a polícia, também precisava cuidar do próprio pessoal, parceiros eventualmente rivais com seus próprios objetivos, e possíveis traições.

A série se utiliza de recursos narrativos muito legais, no estilo de filmes de máfia como Cassino e Os Bons Companheiros, a começar pela narração em “off” (com o personagem contando a história, estilo Capitão Nascimento em Tropa de Elite). Outro ponto que eu gostei foi o fato de os personagens falarem em seus idiomas – sem aquilo de “todo mundo fala inglês” – o que dá mais crédito para a história. Afinal, era necessário mostrar como Murphy, um americano padrão, se virou para conseguir se firmar em um país novo que fala uma língua diferente. Até mesmo nas cenas dos traficantes é tudo em espanhol (o que deve ter deixado os gringos que não gostam de ler legenda “P” da vida). O contexto histórico é muito legal e totalmente explicado, desde as tramóias que levaram Escobar a ganhar rios e rios de dinheiro até os agentes tendo que trabalhar mas ao mesmo tempo não podendo intervir na política da Colômbia. Tudo era um jogo bastante intrincado.

As atuações estão muito legais, com um elenco de brasileiros, latinos e americanos, totalmente fiel à proposta, ou seja, nada de chamar americano para tudo. Wagner Moura faz um Escobar que você nunca sabe o que está pensando, se ele está com raiva ou calculando um próximo movimento. E teve uma galera chiando do espanhol do cara, o que é totalmente ridículo. A primeira temporada se mostra com a mesma proposta das outras séries originais, um enorme filme de dez horas, e uma história totalmente envolvente. E com a segunda temporada já confirmada, com certeza vale a conferida.

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Beto Menezes

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