Resenha: The Umbrella Academy (1ª temporada)
Desde que foi descoberto o mercado rentável que é adaptar uma hq, para o telão ou para a telinha, não param de surgir uma após a outra. A Netflix foi uma das grandes responsáveis por começar isso, nos dando ótimas séries como Demolidor. Mas agora que se acabaram as séries Marvel, ela precisa encontrar novas alternativas para preencher esse espaço e ainda entregar aos seus consumidores algo que tenha a cara e a personalidade do streaming e que traga uma novidade para os espectadores. E Umbrella Academy preenche essa vaga com muita personalidade.
A série mostra a vida de 7 crianças que miraculosamente nasceram no mesmo dia e foram adotadas (ou melhor, compradas) pelo bilionário excêntrico Richard Hargreeves (Colm Feore, de Thor) para atuarem como super-heróis. Mas as coisas não saíram exatamente como esperado e cada um seguiu seu caminho, apenas para se reencontrarem, agora adultos, na única ocasião que seria possível uni-los: a morte de seu pai. Agora, todos unidos, e com uma nova situação com para acabar com o mundo, cabe aos irmãos superarem seus traumas e se unirem para descobrir como fazer isso.
Por mais que se trate de uma corrida contra o tempo (afinal, o fim do mundo tem data), a série funciona muito mais como um drama familiar com (ótimas) pitadas de ação e aventura. A personalidade de cada irmão é muito bem retratada, assim como seus traumas e como eles se vêem incapacitados de seguir em frente com suas vidas por causa deles, apenas Allison, a número 3 (Emmy Raver-Lampman), tentando aprender com seus erros e não evitá-los como os demais. Mas a interação entre os irmãos é o ponto alto da temporada e sempre rende ótimos momentos, especialmente envolvendo as maluquices de Klaus, o número 4 (Robert Sheehan) em contraste com a seriedade de Diego (David Castañeda) e Número 5 (Aidan Gallagher, o melhor da série, que é o catalizador da trama principal e o faz com muita segurança) e os frágeis momentos de cumplicidade entre as irmãs Allison e Vanya, a número 7 (Ellen Page).
A série também tem um estilo muito próprio, com visual impressionante e que se reflete nas cenas de ação frenéticas e muito bem conduzidas. E a trilha sonora se faz muito presente e com marca própria, com destaque para as cenas dos irmãos dançando ao som de “I Think We’re Alone Now” de Tiffany em uma cena que mostra muito bem a personalidade de cada irmão (Allison dança em seu quarto toda espalhafatosa, enquanto Luther se mantém mais contido e Vanya sempre tímida e retraída) e “Dancing in the Moonlight” de Toploader, em um lindo momento íntimo de Luther e Allison.
Umbrella Academy não é um show perfeito, mas ele tem charme e presença o bastante para ser no mínimo divertida. A série tem personagens cativantes, uma trama louca o bastante para te manter interessado. Assassinos, viagem no tempo, um humor peculiar e o fim do mundo, quem não vai gostar disso?