Superman & Lois: série traz o que há de melhor no herói (primeiras impressões)
Como fã do personagem, me incomoda há um tempo o tratamento que a Warner/DC vêm dando ao personagem mais simbólico da casa. Desde “O Homem de Aço” e “Batman V Superman”, o azulão passou a ser descaracterizado. Nada da sua essência, o que o torna um herói, está ali. Desculpa aos fãs do Snyder, mas a verdade é que ele nunca entendeu o Superman.
Muitos atribuem essa falta de uso do personagem no cinema e na TV justamente por esse seu heroísmo exacerbado. A leitura é que o Superman hoje não se encaixa com a noção de herói hoje em dia. O herói tem que ser “dark”, sofrer, ser cínico e ter atitudes ambíguas. Pensando assim, só faz sentido alguém tão poderoso como o Superman ser usado como vilão, como acontece recentemente nos games “Injustice” e no futuro “Suicide Squad: kill the Justice League”.
O ponto é que com “Superman & Lois”, a nova série que passa a integrar o Arrowverso, junto das séries Flash e Supergirl, temos um retorno ao que faz dele esse ícone do heroísmo. Não focando em seus poderes de Deus, mas justamente no oposto: no que o torna humano.
Um retorno ao cerne do personagem
Já o vimos como o jornalista em “Lois & Clark”, e como o jovem em busca da sua identidade em “Smallville”, mas a série aborda um lado do Superman (Tyler Hoechlin) que nunca havia sido representado na tela: como marido de Lois (Elizabeth Tulloch) e pai, ao mesmo tempo que equilibra suas funções como herói que o mundo precisa.
Os minutos iniciais do piloto dão uma recapitulada na história do herói. Algo que era necessário pois, apesar de sabermos de cor e salteado como o bebê Clark foi encontrado numa nave pelo casal Kent, não havíamos tido em suas aparições no Arrowverso.
Nesse momento, os criadores Greg Berlanti e Todd Helbing aproveitam cimentar o heróismo do Superman com singelas homenagens, como o uso do uniforme das clássicas animações dos estúdios Flescher, salvar um carro como na capa da sua primeira aparição de 1939, e uma fala da HQ “As Quatros Estações”, onde após um garoto dizer que adorou o uniforme, ele agradece com um sorriso e complementa: “minha mãe fez para mim”.
Ao mesmo tempo, vemos o lado frágil do herói, ao sofrer pela morte do pai e na primeira vez em que conhece Lois. Até o momento atual da série, onde Clark agora precisa lidar com as personalidades de seus dois filhos, Jonathan (Jordan Elsass) e Jordan (Alex Garfin).
A dinâmica familiar é muito bem aplicada, há uma química boa entre os atores para ser explorada. Aqui, Clark é mostrado como um bom pai, embora ausente devido à sua outra obrigação. E a série mostra que, mesmo com todos os seus poderes, Clark falha como todos, e precisa lidar com a consequência de seus erros se não quiser repeti-los.
Hoechlin e Tulloch já se dão bem desde suas participações nos crossovers, e agora desempenham papel central na trama. O nome “e Lois” do título não é à toa.
A personagem funciona como uma âncora para Clark, mantendo seus pés no chão e lhe dando senso para tratar das questões familiares que se apresentam. E ótimo que a trama se desenvolva mostrando que Lois terá importante função em descobrir o que está acontecendo em Smallville. Ela não será só uma “donzela em perigo” ou a mãe que toma conta dos filhos.
De personagens secundários, temos a família Cushing, com Lana (Emanuelle Chriqui), antiga paixão de Clark, o marido Kyle (Eric Valdez) e suas filhas, a mais velha com certeza se aproximando dos rapazes Kent. Possivelmente teremos um arco romântico aqui.
Se tratando de uma série do Superman, a ação não pode faltar. E, embora a série ganhe mais peso no seu lado humano, temos cenas de ação interessantes aqui. Destaco os efeitos para mostrar os poderes, evitando ao máximo repetir o que já foi usado em outras encarnações visuais e até mesmo a outras séries do canal. Tudo é muito distinto e bonito de se ver em tela.
O que esperar da série?
Na série é mostrada que Smallville está em um completo declínio, tanto no nível social, onde todos vivem de forma meio apática, como em sua economia. A cidade, que nas lembranças de Clark, era cheia de vida, agora se encontra vazia e triste. Muito bem mostrada pelo cinza da fotografia, em contraste com o vermelho e amarelo de antigamente.
Eu cheguei a pensar que poderia ser Darkside e sua equação anti-vida deixando a cidade dessa forma, mas não acho que seja por aí. A trama deixa claro que tanto Clark quanto Lois terão um vilão para cada. Ela investigando as motivações do vilão Morgan Edge na cidade e ele lidando com um misterioso homem de armadura que sabe de sua identidade Kryptoniana, poderes e fraquezas. Ao mesmo tempo em que lidam com seus filhos e as descobertas de poderes em um deles.
Fiquei animado pelo que eu vi, gostei de como tudo é equilibrado e bonito de se ver. Se destaca bastante das outras séries do Arrowverso, não parece nada feito na forma, e sim algo que foi realmente trabalhado para ser diferente.
“Superman & Lois” traz de volta o que há de melhor no herói para um novo público, e relembrar ao antigo o que o personagem representa. Destacando não por endeusar seus poderes, mas por acentuar suas fraquezas e sua luta em superá-las;