“Titãs” – 2ª temporada traz boa releitura dos personagens em trama fraca | Resenha
Ta aí uma série que poderia ter sido um completo desastre em sua primeira temporada, mas foi justamente o contrário. Trazendo um dos grupos mais famosos das HQ’s em uma releitura (claramente inspirada pela série do Demolidor), “Titãs” se destacou por mostrar um novo olhar, um mais sério em uma roupagem mais sóbria (diferente do mundo colorido e leve das séries do CW) e, mesmo com problemas narrativos ao longo dos 10 primeiros episódios, deixou todo mundo esperando para sua continuação. Finalmente a nova temporada está entre nós, mas é com tristeza que me pego bastante decepcionado com o que vi.
Nessa nova temporada, afim de treinar uma nova geração de heróis, Dick (Brenton Thwaites) acaba por chamar a atenção de um velho inimigo, o Exterminador (Esai Morales), que volta querendo vingança de todos os Titãs. Seu retorno não traz só a violência do maior desafio enfrentado pela equipe, mas segredos há muito escondido pelo seu antigo líder.
O principal problema da série é que, mesmo com bons personagens, ela nunca se atém ao seu arco principal. Em uma tentativa de manter o público engajado para o que pode vir no futuro, a série cria inúmeros plots que ou não finaliza ou finaliza de qualquer maneira por não sobrar mais tempo para desenvolver uma solução mais satisfatória. Exemplos claros disso logo de cara é o primeiro episódio, que segue diretamente o que foi mostrado no final da primeira temporada, claramente posicionado no lugar errado (ele deveria ser o final da primeira, não o início da segunda). Funciona como um ótimo cliffhanger, mas não faz sentido visto que no episódio seguinte há um pulo de 3 meses na história. Isso pra não dizer a porca e rápida solução para “eliminar” uma criatura tão poderosa quanto Trigon.
Em meio a 13 episódios, a série tem que lidar com antigos segredos, a volta de um terror do passado, a transição de Dick (que vem da primeira temporada, parece que está finalizada no início da segunda, volta em sua metade para finalizar de modo breve nos episódios finais) e a introdução de uma nova organização e novos personagens que precisam ser contextualizados. E Ian Glein por mais que seja um bom ator e funcione como figura paterna, não convence como Bruce Wayne. Fica muito difícil sequer vê-lo como um homem que se veste de morcego e enfrenta o crime em Gotham.
Por fim, é informação demais para se trabalhar em tão pouco. E onde raramente vemos os heróis em momentos heroicos, ou sequer suas interrelações são trabalhadas, já que eles passam boa parte do tempo separados.
Mas há fatores a serem aproveitados aqui. O elenco faz o melhor que pode com o que tem, cenas de ação bem interessantes (todas que envolvem o Exterminador são ótimas) e a introdução de personagens clássicos da HQ que influenciam na trama, como jericó (Chella Man), foram bem feitas. O figurino também não deixa a desejar, principalmente no visual do Exterminador, que claramente quis se distanciar de Arrow e fez algo mais próximo ao quadrinho, ponto positivo. Os melhores episódios, aliás, são o que envolvem a trama principal, o retorno do velho inimigo. Mas episódios de flashback, como o de Aqualad (Drew Van Acker) e Conner (Joshua Orpin).
A 2ª temporada apresenta boas oportunidades, mas não as desenvolve. Ao invés disso parece apenas um amontoado de fan services para agradar os fãs de carteirinha do grupo e da DC. Há bons momentos, em muito por causa de seus personagens, mas a quantidade de tramas atrapalha o andamento e compromete o resultado final. Havendo uma 3ª, os produtores deveriam pensar em recorrer a algo mais coerente para sua narrativa, agora que basicamente todos os arcos apresentados foram fechados e a série finaliza com o que pode ser o próximo desafio a ser enfrentado pelo grupo. Os Titãs podem chegar longe se souberem para aonde querem ir.