Quatro vezes que a “versão brasileira” ultrapassou alguns limites
Caso recente: Pra manter respeitável à família brasileira, a dublagem de “Vingadores: A Era de Ultron” cortou uma das frases mais legais de Nick Fury (Samuel L. Jackson) no filme. Por ter a fama de “bom moço”, uma das brincadeiras recorrentes no filme é se o Capitão América (Chris Evans) falaria um palavrão. Quando ele finalmente solta um, Fury diz: “Você beija sua mãe com essa boca?” . Isso foi suprimido na dublagem por um irônico “Uh, achei que você fosse soltar um palavrão”. MAS ELE SOLTOU!
A Herbert Richers faz parte do patrimônio cinematográfico brasileiro, com milhares de pérolas… mas teve suas mancadas também.
Até a década de 80, era muito comum adultos afinando voz e dublando crianças. Até aí, zero de problema. Acontece que um caso bizarro aconteceu em “Caravana da Coragem”, expansão do universo de “Star Wars”. A dubladora da menina Cindel (Aubree Miller) achou legal dublar até a tosse da criança.
Sério. No meio da tossida da criança ouve-se um “tô doente” … até quando a menina quase não abriu a boca!
Se adaptações são bem-vindas por vezes, em outras são compeltamente desnecessárias. E nem mesmo uma das maiores obras cinematográficas de todos os tempos escapou da de ser modificada à seco pelo HUE BR… desta vez, alterando todo o discurso.
Em “O Poderoso Chefão”, uma das seqüências traz a reunião das cinco famílias de mafiosos numa sala, e discutem sobre tráfico de drogas. Enquanto discutem os limites, um dos chefes (Louis Guss, como Don Zalucci) levanta e discursa contra… e é aí que nasceu o problema no Brasil. Seja pra evitar polêmica, seja pra deixar o filme mais leve, a dublagem trocou “drogas“ por “contrabando“ e “negros animais” por “pessoas de cor desempregadas” (!!!).
Essa mudança descontextualiza toda a cena: Primeiro, porque o que eles faziam já era contrabando, pois um dos negócios era a venda de bebidas durante a lei seca. Segundo, porque a visão sobre negros do filme era – infelizmente – o retrato de uma época em que o filme se passa, onde negros eram vistos com desprezo e raiva, e não dá pra negar que acontecia; antes de pensar em racismo, lembremos que era um contexto histórico.
A bagunça é tão grande com este trecho do filme, que nas novas versões da dublagem mantiveram o texto original.
Original:
“Também não acredito nas drogas. Por anos paguei mais aos meus empregados pra não se envolverem com esse negócio. Alguns chegam até eles e dizem: “Eu tenho pó; se você investir três ou quatro mil dólares, podemos gerar cinquenta mil de lucro”. Então eles não podem resistir. Quero controlar como um empreendimento, mantê-lo respeitável.
Não quero perto de escolas! Não quero isso sendo vendido para as crianças. Isso é uma infâmia. Em minha cidade, quero manter o tráfico somente aos negros. Eles são animais mesmo, que percam suas almas”
Este é nosso PIOR exemplo… e talvez exploda sua cabeça: Se você assistiu “Rocky, um lutador (1976)” dublado a vida inteira, achou que o primeiro confronto entre Stallone e Carl Weathers terminou EMPATADA, certo? Então…
Tente de novo, agora legendado. Fomos enganados!!! No primeiro filme, apesar do alvoroço da multidão, a luta terminou com VITÓRIA para APOLO CREED! Rocky só venceu a luta no segundo filme! (inclusive vê-se Apolo comemorando). A dublagem brasileira achou que não estava justo e modificou o resultado, e o segundo filme foi chamado por aqui de “Rocky II- A Revanche”, que fazia menos sentido ainda, já que o real motivo para a segunda luta era a proporção que a primeira tomou.
Sorte nossa que o filme é memorável.
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